Mais problemas de desenvolvimento associados com a exposição aos ftalatos

Por Docmedia

19 outubro 2023

Os ftalatos são produtos químicos amplamente utilizados como plastificantes ou solventes em uma enorme quantidade de produtos, indo desde embalagens de alimentos, plásticos e cosméticos. Um exemplo frequente do uso de ftalatos é a produção de plásticos mais flexíveis.

Ocorre que estudos têm associado a exposição aos ftalatos com desenvolvimento menos ideal em termos de cognição, desenvolvimento social e habilidades motoras, assim como tem sido demonstrada associação com problemas comportamentais. Inspirados nesses dados, pesquisadores da Universidade de Nova York e do Instituto para a Saúde Global de Barcelona descobriram que a exposição antenatal aos ftalatos também está associada a menor desenvolvimento de massa encefálica e menor quociente intelectual (QI).

A publicação na revista Molecular Psychiatry conta que as conclusões foram extraídas de 775 pares de mãe e filho da coorte holandesa Geração R, uma coorte pediátrica de neuroimagem baseada na cidade de Rotterdam.

A exposição das mães aos ftalatos foi avaliada por meio de amostras de urina em que foram dosados metabólitos da degradação dos ftalatos, além disso, exames de ressonância magnética serviram para estimar o volume de substância cinzenta e substância branca nos cérebros das crianças aos 10 anos de idade. Por fim, testes padronizados de QI foram aplicados às crianças participantes na idade de 14 anos.

Na avaliação dos resultados, foi encontrado que uma associação entre concentrações gestacionais mais altas de ftalato de monoetil (mEP) e menores volumes totais de matéria cinzenta na prole aos 10 anos de idade. Essa substância é um metabólito, ou produto de degradação, do ftalato de dietila, um composto usado para tornar os plásticos mais flexíveis e em produtos cosméticos.

Outro achado foi que concentrações mais elevadas na urina durante a gravidez de ácido monoisobutil ftálico (mIBP), um metabólito do ftalato de diisobutil (DIBP), foram associadas a menor substância branca apenas em meninas. Finalmente, entre os anos de 2020 e 2021, o Estudo Geração R relatou que as concentrações urinárias pré-natais maternas de ftalatos estavam associadas a um QI não verbal mais baixo aos 6 anos de idade.

Depois de mostrar que a associação persiste aos 14 anos, ficou evidente que o impacto da exposição antenatal aos ftalatos persiste até a adolescência.

Segundo os autores, embora as diferenças de volume e QI constatadas no estudo como associadas à exposição aos ftalatos, embora possam não ser tão gritantes no nível individual, o quadro geral cria preocupações devido à exposição generalizada a esse tipo de substância com impactos na saúde pública.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41380-023-02225-6

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