Janela terapêutica pode melhorar a qualidade de vida na artrite reumatoide

Por Docmedia

21 julho 2023

A artrite reumatoide (AR) é a doença autoimune mais comum em todo o mundo. O tratamento atual apenas suprime os sintomas inflamatórios da doença quando o sistema imune começa a atacar as articulações, processo que gera enorme ônus e perda de qualidade de vida para os pacientes e suas famílias.

A novidade é que pesquisadores da Universidade de Leiden anunciaram a identificação de uma janela terapêutica em que o tratamento com metotrexato (MTX) pode prover melhores resultados que os alcançados com a diretriz atual. A publicação na The Lancet lembra que a AR clínica, em que a artrite é aparente, é precedida por uma fase em que ocorre artralgia e inflamação articular subclínica.

A diretriz atual reserva a utilização do MTX, uma droga antimetabólito e antifolato, apenas para quando a artrite reumatoide está clinicamente estabelecida. Para investigar se uma atuação mais precoce teria efeitos modificativos sobre a doença, a equipe de Leiden executou um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, controlado por placebo e de prova de conceito.

Foram recrutados 236 pacientes com 18 anos ou mais, apresentando artralgia clinicamente suspeita de progredir para AR e inflamação articular subclínica detectada por ressonância magnética. Esses participantes foram randomizados 1:1 para receberem injeção única de glicocorticoides (120mg) e curso de 1 ano de 25mg diárias de MTX ou placebo em injeção única e comprimidos por 1 ano tendo sido acompanhados por 1 ano após o término do tratamento.

Todos os participantes tiveram registrado o desenvolvimento de artrite clínica com duração de ao menos 2 semanas (desfecho primário), funcionalidade física, sintomas e produtividade no trabalho (desfechos secundários avaliados a cada 4 meses). Além disso, o curso da inflamação articular foi acompanhado por ressonância magnética. Ao final do estudo, a frequência de AR clínica foi semelhante entre os grupos, com 23 (19%) de 119 participantes no grupo de tratamento e 21 (18%) de 117 no grupo placebo (HR=0,81; IC=95%). Já a dor, a rigidez matinal e o desempenho laborativo foram melhores no grupo de tratamento.

A inflamação avaliada por ressonância e a funcionalidade mostraram melhora sustentada no grupo de tratamento em comparação ao grupo placebo. Eventos adversos não diferiram entre os grupos, mas os resultados globais fizeram os autores concluírem que, apesar de não evitar a artrite clínica, o MTX na fase pré-clínica modifica o curso da doença.

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Fonte: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(22)01193-X/fulltext#%20

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