Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam que cerca de 55 milhões de pessoas convivam com um diagnóstico de demência no ano de 2023. Adicionalmente, são estimados cerca de 10 milhões de novos diagnósticos da condição a serem feitos a cada ano, sendo que a doença de Alzheimer responderá por 70% dos casos.
Embora as causas da doença de Alzheimer não sejam completamente conhecidas, estudos indicam uma possível participação da infecção pelo vírus herpes simplex (HSV) no desenvolvimento da condição. Agora, dados de um estudo de revisão realizado por pesquisadores da Universidade de Uppsala parecem reforçar essa associação.
A publicação do grupo no no Journal of Alzheimer’s Disease traz as conclusões de um estudo realizado com 1.002 pessoas de 70 anos sem demência que viviam na Suécia em 2001-2005 e que foram acompanhadas por 15 anos.
Amostras de soro foram analisadas para detectar imunoglobulina (Ig) G anti-HSV e anti-HSV-1, IgG anticitomegalovírus (CMV), IgM anti-HSV e IgG anti-HSV e anti-CMV. Diagnósticos e prescrições de medicamentos para tratamentos anti-herpesvírus foram coletados dos prontuários. Foram aplicados modelos de regressão de riscos proporcionais de Cox.
Na coorte do estudo, as incidências cumulativas de doença de Alzheimer e demência por todas as causas foram de 4% e 7%, respectivamente. Oitenta e dois por cento dos participantes se mostraram portadores de IgG anti-HSV, dos quais 6% receberam tratamento anti-herpesvírus.
A presença de imunoglobulina G anti-HSV foi associada a um risco mais que dobrado de desenvolvimento de quadros demenciais, com uma taxa de risco ajustada de 2,26 (p=0,031). Além disso, nenhuma associação significativa foi encontrada com a doença de Alzheimer, mas a taxa de risco foi da mesma magnitude que a da demência por todas as causas.
A prevalência das demais imunoglobulinas pesquisadas, o histórico de tratamento para herpesvírus e nem interações entre IgG anti-HSV e APOE e4 ou IgG anti-CMV foram associados à doença de Alzheimer ou à demência por todas as causas.
Os autores ressaltam que a baixa incidência da doença de Alzheimer na coorte pesquisada pode ter comprometido o poder estatístico do estudo de inferir associações com a doença de Alzheimer. Ainda assim, os autores ressaltam que os dados obtidos sugerem que a infecção pelo vírus herpes simplex (HSV), mas não pelo citomegalovírus, pode ser indicativa de um risco duplicado para o desenvolvimento de quadros demenciais.
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Fonte: https://content.iospress.com/articles/journal-of-alzheimers-disease/jad230718
