O InovaIncor, centro de inovação do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), está testando uma plataforma desenvolvida com a Cisco para monitorar atos cirúrgicos remotamente.
Ainda no início da pandemia, o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCTI) propôs ao instituto levar conectividade para a colaboração entre centros médicos, visando utilizar tecnologias como 5G, internet das coisas (IoT) e robótica.
“O Ministério tinha várias ideias, mas nem tudo era viável. A gente propôs, então, somar esforços entre um centro com uma expertise grande e um centro remoto que possa ter equipes qualificadas, mas não com a mesma experiência”, conta Guilherme Rabello, head de inovação do InovaInCor, durante o Cisco Connect São Paulo, realizado na última quarta-feira, 5.
Na prática, a ideia é que especialistas do HCFMUSP possam acompanhar e colaborar em tempo real com equipes médicas em cidades distantes.
Com a aprovação da pasta, a organização se uniu à Cisco para desenvolver a solução batizada de Telemonitoramento do Ato Cirúrgico (TAC) com base na Webex, plataforma da multinacional que inclui soluções para reuniões, contact center e calling em nuvem.
“Em cima dela, desenvolvemos várias coisas que a Cisco não possuía para entregar uma solução de modo que, dentro de um centro de comando que está hoje no Incor, pudéssemos auxiliar uma sala cirúrgica monitorada contribuindo com o ato, mas sem interferir nele”, conta Rabello.
O projeto piloto está em andamento e, desde o final de 2022, 12 cirurgias cardíacas telemonitoradas já foram realizadas.
Para isso, dois centros cirúrgicos foram equipados com tecnologias de colaboração, videomonitoramento, óculos inteligentes e IoT: um no próprio InCor e outro no Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em São Luís.
“Nós desejávamos ter algo diferente em questão de cirurgia e escolhemos propositalmente a cirurgia de cardiopatias pediátricas, que é complexa e difícil. Nós temos poucos centros no Brasil que fazem cirurgias cardíacas em crianças, especialmente quando elas nascem com anomalia no seu coração”, explica Rabello.
Na plataforma, fica registrado desde o planejamento cirúrgico prévio, onde as equipes compartilham informações sobre o caso, passando pela preparação da sala até o término da cirurgia, com acompanhamento por diversos ângulos.
Todas as cirurgias ficam gravadas para recuperação de momentos. Posteriormente, elas podem ser utilizadas para análise e capacitação de estudantes de medicina.
“Já estamos com mais de 10 casos acompanhados e vários resultados muito interessantes. Podemos dizer que, desde o primeiro, o projeto já valeu a pena. Conseguimos mudar o curso da cirurgia da primeira criança e o desfecho foi muito positivo para salvar a vida dela”, relata Rabello.
Ainda em 2023, a expectativa é que novas salas de monitoramento sejam instaladas em outras localidades do país. Além disso, o objetivo é estender as cirurgias para outras especialidades. O lançamento oficial da plataforma está previsto para junho de 2023.
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Fonte: https://www.baguete.com.br/noticias/10/04/2023/incor-testa-cirurgias-a-distancia-com-cisco