Estudo indica que inibição de via neural pode reduzir o consumo de álcool

Por Docmedia

2 abril 2024

A ocorrência de experiências traumáticas durante a vida pode aumentar a vulnerabilidade do indivíduo para o consumo de álcool, além de exacerbar sintomas de depressão e ansiedade. Não à toa, é comum encontrar indivíduos em que as duas condições estejam em atividade e estima-se que o transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) afete até 6% da população nos EUA. Destes, cerca de 30% desenvolverá em simultâneo o transtorno por uso de álcool. Não bastassem essas dificuldades, há carência de opções de tratamento que abordem simultaneamente as duas condições.

Nesse contexto, a novidade é um estudo de pesquisadores do Instituto Scripps de Pesquisa afirmando que a inibição dos neurônios envolvidos na resposta do corpo ao estresse pode reduzir o consumo de álcool em pessoas que sofrem de TEPT e transtorno por uso de álcool. A publicação do grupo na revista Molecular Psychiatry conta que o passo inicial da equipe foi desenvolver um modelo murino em que os camundongos desenvolvem sintomas como agressão, ansiedade, hiperexcitação, sono perturbado e aumento do consumo de álcool à semelhança dos seres humanos portadores de TEPT e transtorno por uso de álcool.

Esse grupo de animais foi comparado a outro grupo em que os camundongos não apresentaram sintomas de ansiedade em um período na qual receberam acesso a água e álcool. Em comparação com seus pares não estressados, aqueles animais que apresentavam este sintoma exibiram níveis mais elevados de hormônios periféricos do estresse. Além disso, vários genes na amígdala central, incluindo um que codifica o neuropeptídeo conhecido como fator de liberação de corticotropina (CRF), também mostraram estar alterados em ratos estressados.

A amígdala central é uma área cerebral que processa o sentimento de medo e se mostra alterada pelo consumo excessivo de álcool. A CRF lá encontrada é produzida em resposta ao estresse e desempenha papel importante na resposta fisiológica às emoções. Após essa descoberta inicial, o passo seguinte da equipe foi inibir os neurônios produtores de CRF na amígdala. Como esperado, os pesquisadores descobriram que isto diminuiu o consumo de álcool, mas curiosamente não mitigou a ansiedade nos animais.

Segundo os autores, o estudo foi importante por identificar que a inibição na amígdala central dos neurônios produtores de CRF pode reduzir o consumo de álcool em pacientes que apresentam transtorno do uso de álcool e TEPT simultaneamente.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41380-024-02514-8

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