Entendendo a função de moléculas residuais no cérebro humano

Por Docmedia

13 junho 2023

A octopamina é o principal neurotransmissor de luta e fuga em seres invertebrados. Já nos seres humanos e outros mamíferos, durante o processo evolutivo, essa molécula perdeu espaço e essa função passou a ser desempenhada pela epinefrina. Ainda assim, o cérebro humano ainda produz pequenas quantidades de octopamina, mas suas atuais funções ainda são pouco conhecidas.

A novidade é que pesquisadores da Universidade Northwestern anunciaram terem feito um importante avanço nessa área de conhecimento. A publicação em Proceedings of National Academy of Sciences conta que o foco do trabalho se deu em cima de culturas de astrócitos oriundos do córtex cerebral de camundongos. Essas células foram escolhidas por serem a maioria das células do sistema nervoso humano.

Basicamente, o primeiro passo do estudo foi avaliar o funcionamento dos astrócitos em cultura à exposição a diferentes concentrações de octopamina. Curiosamente, foi visto que na presença de octopamina em baixa dose os astrócitos passaram a secretar ácido lático, outra molécula que também foi pensada como um resíduo do metabolismo celular por muito e muito tempo. Ocorre que o lactato é muito mais que isso, constituindo-se em um importante substrato para a produção de energia pelas células.

Em verdade, foi descoberto que a octopamina no cérebro dos mamíferos funciona como um metabólito chave que faz a mudança de astrócitos protetores para tóxicos, aproveitando seu metabolismo para a glicólise aeróbica. Em condições de estresse energético, os neurônios secretam octopamina que, na dose correta, sinaliza aos astrócitos para que alterem seu metabolismo e secretem lactato que será utilizado como substrato energético pelos neurônios com dificuldades no processo de produção de ATP.

Segundo os autores, sua descoberta é importante por definir uma função única para a octopamina no cérebro humano. Além disso, há evidências clínicas de que ocorrem alterações patológicas nos níveis de octopamina em a-sinucleinopatias, como a doença de Parkinson, bem como em uma variedade de doenças psiquiátricas, incluindo esquizofrenia e transtorno bipolar. Nesses casos, altas concentrações de octopamina “turvam” a comunicação com os astrócitos de deixar as células neuronais sem esse suporte energético.

Finalmente, os autores revelam como interessa verificar se o mesmo processo é ativo em cérebros saudáveis, mas em condições de alta demanda energética pelos neurônios como aprendizado e memória.

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Fonte: https://www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.2217396120

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