Retirar um fígado na qual foi diagnosticado um câncer e substituí-lo por um órgão saudável parece ter uma lógica fora de questionamentos. Por isso, o transplante hepático sempre foi uma esperança de cura para portadores de carcinoma hepatocelular (CHC). Contudo, o sucesso da estratégia foi modesto até o estabelecimento dos critérios de Milão, elencando os pacientes em que o transplante por CHC tem bom prognóstico.
Agora, pesquisadores da Icahn School of Medicine em Monte Sinai confirmaram que uma estratégia para pacientes fora dos critérios de Milão também promove bons resultados. A publicação na JAMA Surgery lembra que os critérios de Milão aconselham que os pacientes selecionados para o transplante hepático tenham um tumor único igual ou menor que 5cm ou até três lesões, todas elas com 3cm ou menos, o que permite sobrevida de até 70% em 5 anos e recorrência de 10%.
Com muitos pacientes fora desses critérios, surgiu a discussão se pacientes cujos tumores foram reduzidos por terapias como quimioembolização, radiofrequência e alcoolização e passaram a se enquadrar nos critérios de Milão também seriam elegíveis para o transplante. Foi esta pergunta sobre a técnica conhecida como downstaging que a equipe quis responder com seu novo estudo. Para isso, foi realizada uma análise prospectiva de dados colhidos prospectivamente de uma coorte com 2.645 portadores de CHC, incluindo 2.122 enquadrados nos critérios de Milão, 341 que alcançaram essa condição após downstaging e 182 cuja doença não foi rebaixada.
A avaliação dos resultados encontrou que as taxas de sobrevida e recorrência em 10 anos pós-transplante foram, respectivamente, 61,5% e 13,3% naqueles sempre dentro dos critérios; 52,1% e 20,6% entre aqueles cujo estadiamento foi rebaixado; e 43,3% e 41,1% naqueles cuja doença não foi rebaixada.
Segundo os autores, seus resultados confirmam uma sobrevida excepcional nos pacientes submetidos a downstaging antes do transplante e validam a política nacional em vigência nos EUA de downstaging antes do transplante por haver claro benefício de utilidade na priorização do transplante nesses pacientes.
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Fonte: https://jamanetwork.com/journals/jamasurgery/article-abstract/2794451
