Canabidiol para o tratamento da epilepsia refratária em crianças: uma revisão crítica da literatura

Por Docmedia

28 novembro 2022

A epilepsia é o distúrbio neurológico crônico mais comum durante os 10 primeiros anos de vida, com aproximadamente 20% dos seus portadores na infância apresentando remissões ou refratariedade ao tratamento convencional. A busca contínua por novos tratamentos para a doença encontrou na última década uma linha de pesquisa promissora, o Canabidiol (CBD), composto derivado da Cannabis sativa.

Atualmente, o composto de CBD líquido altamente purificado (solução de CBD, milho, gergelim e outros óleos) já foi aprovado pelos EUA em 2018 para o tratamento de convulsões por tipos específicos de epilepsia como a síndrome de Dravet (SD) e a síndrome de Lennox-Gastaut (LGS) em indivíduos com 2 anos ou mais. No entanto, pesquisadores brasileiros estudaram as atuais evidências para o uso do CDB para o tratamento das demais classes de epilepsia refratária em crianças.

Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná, por meio de uma revisão integrativa da literatura, procuraram descrever as evidências mais atuais frente às indicações do CBD na epilepsia infantil. Durante a revisão, através dos bancos de dados da Medline (PubMed) e Cochrane Scientific Electronic Library (Scielo), foram incluídos estudos observacionais, de intervenção, revisões sistemáticas e metanálises, sendo excluída qualquer pesquisa relacionada a adultos.

Embora os estudos revisados sugeriram eficácia para uma ampla variedade de convulsões e epilepsia (22-26 tipos até o momento), em alguns casos com reduções expressivas na frequência de crises mensais, evidências de benefício clínico foram limitadas a convulsões em pacientes com SD e LGS e convulsões associadas ao complexo de esclerose tuberosa.

Com relação a efeitos adversos nesses casos, as evidências atuais na literatura sugerem que, mesmo com suas altas taxas de ocorrência nos estudos, o CBD é um medicamento seguro, pois a maioria dos efeitos colaterais foi classificada como leve ou moderada e transitória, sendo os principais sonolência, fadiga, diarreia e diminuição do apetite.

Sendo assim, o tratamento das epilepsias refratárias permanece um desafio. O CBD é promissor porém ainda é necessária maior investigação com ensaios clínicos a longo prazo acerca do seu uso para outros tipos de crise que são mais comuns, como por exemplo a epilepsia focal e epilepsia generalizada, além de uma desmistificação na sociedade sobre seus diversos benefícios.

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Fonte: https://doi.org/10.1590/1984-0462/2023/41/2021197

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