Abordagem promissora para anular efeitos deletérios dos emulsificantes dietéticos

Por Docmedia

18 outubro 2023

Emulsificantes dietéticos são substâncias utilizadas na indústria alimentar para impedir a separação de ingredientes adicionados no preparo de alimentos processados e ultraprocessados. Infelizmente, estudos mostram que a ingestão de alguns desses emulsificantes promove alterações no microbioma intestinal que aumentam a capacidade dessas bactérias de penetrarem no revestimento mucoso do intestino promovendo inflamação intestinal crônica.

A novidade é que pesquisadores do Inserm do Institut Cochin e da Université Paris Cité, ambos na França, afirmam terem desenvolvido uma abordagem experimental que tem potencial para evitar os efeitos deletérios da ingestão de emulsificantes dietéticos. A publicação na revista PLOS Biology conta que a estratégia foi toda desenvolvida em cima da proteína bacteriana chamada flagelina.

Como o nome sugere, a flagelina participa da composição dos flagelos bacterianos, estruturas intimamente relacionadas à mobilidade e capacidade de invasão. No estudo, camundongos foram imunizados com flagelina durante várias semanas. Após isso, os animais passaram a ser alimentados com rações contendo dois emulsificantes dietéticos largamente utilizados na indústria alimentícia, carboximetilcelulose (E466) e polissorbato 80 (E433).

O acompanhamento posterior desses animais evidenciou que eles não apresentaram o esperado processo de invasão da mucosa intestinal por bactérias após a ingestão dos emulsificantes. Mais importante que isso, a estratégia de imunização pareceu proteger esses animais contra a inflamação intestinal crônica e contra as desregulações metabólicas habitualmente observadas após ingestão de emulsificantes.

Outro ponto importante foi que os animais imunizados ainda assim apresentaram sensíveis alterações na composição do microbioma intestinal, sugerindo que os efeitos deletérios da ingestão de emulsificantes dietéticos são devidos principalmente com a mobilidade e capacidade de invasão dessas bactérias e menos com alterações no perfil do microbioma.

Segundo os autores, embora seja necessária pesquisa complementar, é possível que a estratégia de imunização com flagelina seja uma forma eficaz de prevenir a inflamação intestinal crônica e as desregulações metabólicas observadas em situações crônicas de interação microbiota-hospedeiro como a obesidade, o diabetes tipo 2 e a doença inflamatória intestinal.

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Fonte: https://journals.plos.org/plosbiology/article?id=10.1371/journal.pbio.3002289

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