A glândula timo pode ser muito mais importante do que se pensava

Por Docmedia

6 setembro 2023

O timo é uma glândula cujas funções conhecidas incluem a produção de células imunológicas T no período embrionário e durante a infância. Na idade adulta, o conhecimento atual considera a glândula inativa, o que tem consequências para a sua permanência no organismo. Ocorre que o timo muitas vezes se torna um entrave para o acesso às estruturas durante a cirurgia cardíaca, o que faz com que cirurgiões optem por sua retirada.

A novidade é que um estudo conduzido por pesquisadores do Hospital Geral de Massachusetts está sinalizando que essa atitude pode acarretar importantes prejuízos à saúde. O New England Journal of Medicine trouxe recentemente publicação do grupo com os dados de um trabalho que acompanhou 1.146 adultos que tiveram o timo removido durante a cirurgia e entre 1.146 pacientes demograficamente pareados que foram submetidos a cirurgia cardiotorácica semelhante sem timectomia.

Nestes participantes, que foram acompanhados por uma média de cinco anos, os pesquisadores registraram a ocorrência de morte, câncer e doenças autoimunes, além de terem medido a produção de células T e os níveis sanguíneos de moléculas relacionadas ao sistema imunológico em um subgrupo de pacientes.

Curiosamente, após cinco anos de realizada a cirurgia, 8,1% dos pacientes que fizeram timectomia foram a óbito em comparação com apenas 2,8% daqueles que não tiveram o timo removido, o que equivale a um risco 2,9 vezes maior de morte. Também durante esse mesmo período, 7,4% dos pacientes do grupo da timectomia desenvolveram algum tipo de câncer em comparação com apenas 3,7% dos pacientes do grupo de controle, ou seja, exibiram o dobro do risco de neoplasia.

Uma análise adicional que comparou a mortalidade na população geral dos EUA com a mortalidade nos pacientes da coorte que sofreram timectomia há mais de cinco anos, mostrou que a taxa de mortalidade geral foi maior no grupo de timectomia do que na população geral dos EUA (9,0% vs. 5,2%). Do mesmo modo, quando avaliado o risco de câncer, a mortalidade devido à doença também foi maior no grupo da timectomia que na população geral (2,3% vs. 1,5%).

Segundo os autores, seus resultados trazem o novo conhecimento de que a permanência do timo na idade adulta é absolutamente necessária para a saúde. O estudo não encontrou diferenças significativas entre os grupos em relação ao risco de doença autoimune. Entretanto, os autores frisam que outra avaliação adicional, desta vez excluindo os pacientes que tiveram infecção, câncer ou doença autoimune antes da cirurgia, encontrou que 12,3% dos pacientes do grupo timectomia desenvolveram doença autoimune em comparação com apenas 7,9% do grupo controle, um risco 1,5 vezes maior.

A equipe acredita que esses números se expliquem por uma produção consistentemente menor de novas células T após a timectomia e agora trabalha para avaliar a função do timo em diferentes níveis de função. 

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Fonte: https://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMoa2302892

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