A fala é uma fonte de dados promissora para o diagnóstico precoce de Alzheimer por IA

Por Docmedia

28 junho 2023

A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência em todo o mundo. Infelizmente, a indisponibilidade de ferramentas confiáveis de diagnóstico de forma ostensiva costuma atrasar por muito tempo o diagnóstico correto e as intervenções que poderiam retardar o progresso da doença. Nesse contexto, pesquisadores da Universidade de Tsukuba, no Japão, afirmam que a fala é uma fonte promissora de dados para esse tipo de diagnóstico e informaram o desenvolvimento de uma ferramenta para fazer este serviço.

A publicação do grupo na revista Computer Speech & Language conta que a ferramenta desenvolvida pelo grupo visa detectar deficiências de linguagem já presentes nos estágios iniciais da doença. Uma dificuldade que os pesquisadores tiveram que superar é que a precisão do reconhecimento automático de fala usado para conversão de voz humana em texto geralmente é de pior qualidade no caso de idosos que em pessoas de outras faixas etárias, representando um desafio para o desenvolvimento de uma ferramenta automática.

No trabalho atual, o produto desenvolvido foi um aplicativo para telefone celular que registra voz do indivíduo durante a execução de uma série de tarefas predeterminadas. Essas tarefas são baseadas em avaliações neuropsicológicas usadas para triagem de demência, incluindo descrição de imagens e tarefas de fluência verbal. Após o registro da voz, um algoritmo de inteligência artificial promove o processamento de dados de forma a identificar peculiaridades de fala que sejam mais frequentes em portadores de déficit cognitivo leve e doença de Alzheimer, mas não em indivíduos saudáveis.

No estudo, o aplicativo foi utilizado por uma coorte de 114 participantes, incluindo indivíduos saudáveis, portadores de déficit cognitivo leve e indivíduos com Alzheimer. Na avaliação dos resultados, ficou demonstrado que o grau de comprometimento da linguagem avaliado pelos recursos linguísticos, particularmente aqueles relacionados aos aspectos semânticos, como informatividade e riqueza de vocabulário, pode ser estimado de forma confiável mesmo em baixa precisão de reconhecimento de fala. Na prática, a ferramenta foi capaz de identificar os portadores de Alzheimer e de déficit cognitivo leve com índices de precisão de 91% e 88% respectivamente.

Segundo os autores, é a primeira vez que fica demonstrada a viabilidade de uma ferramenta de triagem automática e autoadministrada para o diagnóstico de déficit cognitivo leve e doença de Alzheimer. Eles também ressaltam que isso foi obtido capturando de forma confiável deficiências de linguagem, mesmo a partir de dados de fala obtidos em condições de precisão de reconhecimento automático de fala ruins. Deste modo, a conclusão é que a ferramenta pode ampliar o acesso a uma ferramenta confiável de triagem para a detecção dessas condições.

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Fonte: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0885230823000335?via%3Dihub

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