Novos aprimoramentos da imunoterapia do câncer direcionando a via STING

Por Docmedia

28 junho 2023

No ano de 2018, o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina foi dado a James Allison (Universidade do Texas) e Tasuku Honjo (Universidade de Kyoto) pela descoberta dos medicamentos inibidores do ponto de verificação imune (ICI). Desde então essas terapias têm sido revolucionárias para alguns grupos de pacientes com câncer, mas terminam por beneficiar apenas 20-30% dos casos. Deste modo, uma série de estratégias visando ampliar o espectro de utilização dos ICI vem sendo pesquisada nos últimos anos.

Nesse contexto, a novidade é um estudo de pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) confirmando a via de sinalização STING como uma das estratégias mais promissoras para este fim. A publicação na revista Advanced Healthcare Materials lembra que as tentativas anteriores de direcionar a via STING esbarraram em toxicidade importante. O ponto de verificação imune é parte essencial do mecanismo que permite ao corpo distinguir entre uma célula própria e uma ameaça como microrganismos patogênicos ou células cancerígenas.

Quando as proteínas do ponto de verificação imune se ligam a proteínas em outras células, isso sinaliza um impedimento para que as células imunes promovam um ataque. Os ICI inibem exatamente esse mecanismo, liberando o sistema imune para atacar o câncer. A via STING é conhecida por estimular a resposta imune e participar de outros processos de maturação das células imunes.

No estudo atual, várias questões foram abordadas pela equipe. Para limitar a toxicidade da terapia, optou-se pela injeção intratumoral. A presença de quase 20% de pessoas com mutações com perda de função STING, e que por isso não responderiam ao direcionamento STING, foram atendidas com um complexo composto por um pedaço da proteína STING, a molécula cGAMP que é um estimulador da via STING e um anticorpo reduzido (nanocorpo) que carrega o inibidor do ponto de verificação imune (ICI).

Testado em modelos murinos de câncer de cólon e melanoma, o tratamento conseguiu eliminar entre 70% e 100% dos tumores dos animais. Além disso, os animais apresentaram uma média de perda de peso insignificante após a terapia, o que sugere baixos níveis de toxicidade sistêmica.

Os camundongos curados permaneceram livres de tumor após 6 meses do tratamento e, quando os pesquisadores os desafiaram novamente com células tumorais para simular a recorrência do câncer, 100% deles eliminaram novamente as células tumorais por meio da memória imunológica. Por fim, a terapia reativou a sinalização STING mesmo nos animais que tinham perda de função STING, embora não de forma tão eficiente quanto naqueles com função STING normal.

Com esses resultados e mais desenvolvimento, os autores acreditam no potencial da plataforma para aumentar a eficácia das terapias de bloqueio do ponto de verificação imune, inclusive na prevenção de recorrência.

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Fonte: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/adhm.202300688

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