Novo estudo sugere benefícios do canabidiol no tratamento de sintomas de ELA

Por Docmedia

16 agosto 2023

A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença neuromuscular grave e progressiva que resulta na degeneração dos neurônios motores no córtex cerebral, tronco cerebral e medula espinhal. Habitualmente, os sintomas se iniciam entre 50 e 65 anos, com fraqueza muscular progressiva, rigidez, disfagia e dislalia.

São relatados sintomas não motores como redução da qualidade do sono, ansiedade e depressão, tudo isso contribuindo para queda importante da qualidade de vida. O tratamento da ELA hoje permanece um desafio, com poucas opções disponíveis e eficácia limitada.

A novidade é que um grande estudo de pesquisadores franceses, incluindo integrantes da Universidade Aix-Marseille, Universidade Sorbonne, Instituto do Cérebro e Universidade Côte D’Azur, encontrou benefícios na utilização de cannabis e seus derivados para o combate dos sintomas de ELA. A publicação na Revue Neurologique traz os resultados de um trabalho em que foram entrevistados 129 pacientes portadores de ELA e dos quais 28 (21,7%) relataram a utilização de cannabis, principalmente óleo de canabidiol (CBD) e do delta-9-tetrahidrocanabinol (THC), para alívios dos sintomas da doença.

Segundo os autores, estudos já comprovaram uma atividade pleiotrópica dos canabinoides, o que significa que podem controlar diferentes aspectos da expressão gênica. Já se sabe que o sistema endocanabinoide (SEC) está intimamente envolvido em distúrbios neurológicos. Deste modo, faz sentido imaginar potencial terapêutico para a cannabis por meio da manipulação do SEC visando modificar aspectos encontrados na patologia da ELA como disfunção mitocondrial, atividade excessiva de glutamato, estresse oxidativo, neuroinflamação e deficiência do fator de crescimento.

De fato, já foi mostrado que o THC é um agonista parcial dos receptores canabinoides CB1 e CB2, imitando a ação de feedback negativo do endocanabinoide anandamida e, portanto, reduzindo os efeitos excitatórios do glutamato vistos na espasticidade muscular. O CBD, por sua vez, pode inibir a absorção de anandamida. Os efeitos analgésicos dos canabinoides podem ser mediados pelos receptores CB1 e CB2.

No estudo atual, os participantes relataram benefícios tanto em relação a sintomas motores como rigidez, cãibras e fasciculações, como em relação a sintomas não motores como qualidade do sono, dor, estado emocional, qualidade de vida em geral e depressão.  Por outro lado, apenas oito usuários de cannabis relataram reações adversas menores como sonolência, euforia e xerostomia.

Segundo os autores, apesar de algumas limitações, os resultados do estudo são suficientes para sustentar a necessidade de mais estudos sobre os benefícios potenciais dos produtos da cannabis para tratamento dos sintomas motores e não motores de ELA.

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Fonte: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0035378723009712?via%3Dihub

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