Identificado um biomarcador para a progressão da incapacidade na esclerose múltipla

Por Docmedia

14 abril 2023

A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurodegenerativa progressiva e incapacitante. A complexidade da doença, que envolve recaídas e progressão da incapacidade como fenômenos diversos, requer uma condução clínica muito hábil para personalizar o tratamento. Infelizmente, há falta de biomarcadores validados para sinalizar a progressão da incapacidade independente da atividade de recaída (PIRA).

A novidade é que pesquisadores da Universidade de Basel anunciaram terem identificado um novo biomarcador para esta função, o que pode beneficiar enormemente os portadores de EM. Artigo recente do grupo em JAMA Neurology conta que o foco do trabalho foi a proteína glial fibrilar ácida (GFAP), uma proteína que aumenta quando os astrócitos são sofrem dano ou ativação. Os dados do estudo foram obtidos de uma coorte de participantes sendo 335 portadores de EM e 259 controles saudáveis.

GFAP foi medido em 737 amostras de soro de portadores de EM e 485 amostras dos controles, sendo esses dados correlacionados com o quadro clínico dos portadores da doença e com a dosagem de cadeia leve de neurofilamento (sNfL). Esta última proteína foi investigada anteriormente pelo grupo, ocasião em que foi demonstrado que alguns portadores de EM com doença aparentemente estável apresentaram altas concentrações de sNfL. Em outras palavras, ficou demonstrado que se trata de um biomarcador de dano neuronal.

No estudo atual ficou demonstrado que altas pontuações de GFAP identificaram a progressão atual da doença e foram associadas a futuras progressões da doença, mas não com inflamação aguda. Além disso, a associação dos níveis de sNfL com a progressão foi menos pronunciada, enquanto os níveis de sNfL aumentaram fortemente durante a atividade de recaída.

Segundo os autores, a complexidade da patologia da EM pode agora ser melhor abordada. Enquanto sNfL indica dano neuronal e prevê com sensibilidade a atividade da doença em um estágio inicial, GFAP aumentado no sangue indica especificamente processos de doença crônica nos quais os astrócitos estão envolvidos e que contribuem para a incapacidade progressiva gradual.

Juntos, os dois biomarcadores podem ajudar na personalização presente da terapia e auxiliar na previsão da evolução, o que pode significar uma melhora expressiva nos resultados clínicos.

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Fonte: https://jamanetwork.com/journals/jamaneurology/article-abstract/2801290

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