Função tireoidiana materna associada ao fenótipo de tecido adiposo marrom na prole

Por Docmedia

14 novembro 2023

O tecido adiposo marrom (BAT) é um tecido utilizado em bebês para manter a temperatura corporal. Nos adultos, embora a quantidade de BAT seja reduzida e extremamente variável entre os indivíduos, chamando cada vez mais a atenção dos investigadores especialmente no contexto de doenças relacionadas com a obesidade como a diabetes tipo 2, a ativação do BAT pode representar uma estratégia terapêutica promissora para alcançar resultados na luta contra a pandemia de obesidade instalada hoje no mundo.

Nesse contexto, um estudo de pesquisadores da alemã Universidade de Lubeck traz novos e importantes conhecimentos sobre os fatores que determinam o status de tecido adiposo marrom em um indivíduo. A publicação na revista Nature Communications lembra que ainda há pouca compreensão sobre os motivos que levam à grande heterogeneidade na quantidade de BAT em indivíduos adultos.

Por outro lado, estudos também já demonstraram que indivíduos magros tendem a ter maior quantidade e funcionalidade do BAT que indivíduos com sobrepeso e obesidade. No estudo atual, os pesquisadores exploraram a influência do estado tireoidiano da mãe durante a gestação na condição do BAT da prole. Isto porque a regulação da temperatura corporal é um dos principais alvos da ação dos hormônios tireoidianos no adulto.

O hormônio afeta a dissipação de calor e também a termogênese, onde atua tanto no músculo quanto no BAT. Sendo assim, seria de se esperar que o funcionamento anormal da glândula tireoide materna durante a gestação pudesse afetar a fisiologia do BAT da prole.

Para esse estudo, a equipe utilizou um grupo de camundongos que foi dividido para apresentar diferentes status de função tireoidiana no período gestacional. Enquanto alguns animais mantiveram a atividade normal da tireoide, outros receberam tratamento adicional com hormônio tireoidiano e um terceiro grupo teve realizado o bloqueio genético do receptor beta de hormônio tireoidiano de forma a apresentarem hipotireoidismo.

O esforço revelou que as fêmeas com maior atividade do hormônio tireoidiano durante o período gestacional geraram proles com maior quantidade e funcionalidade do BAT, ao passo que a atividade reduzida do hormônio por inatividade do receptor beta gerou o fenótipo BAT oposto. No nível molecular, a equipe identificou alterações distintas induzidas por hormônio tireoidiano nos metabólitos séricos maternos, incluindo a colina, um metabólito chave para uma gravidez saudável.

Segundo os autores, o conjunto de seus resultados aponta para uma conexão entre a ativação materna do receptor beta de hormônio tireoidiano e a programação fetal de um BAT com fenótipo termorregulador mais eficiente na prole.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41467-023-42425-w

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