Estudo reforça elo entre tabagismo e morte súbita infantil

Por Docmedia

10 março 2023

Já há um notório corpo de evidências enumerando diversas razões para que se evite o tabagismo ou se interrompa seu uso. Isso é especialmente importante em relação às mulheres grávidas, condição em que também já existem evidências de correlação entre o tabagismo materno e efeitos deletérios ao feto.

Agora, pesquisadores da Universidade Rutgers foram ao extremo e sugerem que os efeitos deletérios do tabagismo podem ser intensos o suficiente para aumentar o risco de ocorrência da síndrome da morte súbita infantil (SMSI). A publicação no Journal of Perinatology lembra que a SMSI descreve o óbito de bebê ocorrido entre a alta hospitalar após o parto e os 365 dias de vida. O estudo atual buscou investigar se o tabagismo durante o período gestacional de alguma forma influencia a taxa de SMSI.

A pesquisa foi realizada com base nos registros anônimos de óbito e nascimento dos EUA mantidos pelos Centros de Controle de Doenças. Incluindo gestações encerradas entre 24 e 42 semanas de idade gestacional, a coorte final reuniu dados de 3,3 milhões de partos de mulheres brancas e 857.864 de mulheres negras no período de 2012-2013. A separação por raças buscou investigar também um componente étnico que frequentemente é suscitado como fator de risco para o SMSI.

De forma grave surpreendente, foi descoberto que os bebês de mães que fumaram durante a gestação exibiam um risco cerca de 5 vezes maior de SMSI que seus pares filhos de mães que nunca fumaram. Entre os bebês pretos, a taxa de SMSI foi de 1,07/1.000 nascidos vivos para mães não fumantes e saltou para 3,80/1.000 nascidos vivos na presença de tabagismo materno. Essas taxas em bebês brancos não hispânicos também saltaram de 0,341/1.000 nascidos vivos para 2,33/1.000 em filhos de mães fumantes.

Entre os bebês pretos sobreviventes, a taxa de mães fumantes foi de apenas 10% contra 25% das mulheres cujos filhos apresentaram SMSI. No mesmo tipo de avaliação, apenas 16% das mães brancas não hispânicas dos bebês sobreviventes fumaram durante a gestação, ao passo que o tabagismo estava presente em até 50% das mulheres no grupo em que a SMSI foi documentada. Além disso, a duração do tabagismo também mostrou incrementar o risco de SMSI, com os filhos de mães que nunca fumaram se saindo melhor e o risco de SMSI foi maior a cada trimestre de exposição intrauterina ao tabagismo.

Por fim, entre as fumantes cujos bebês morreram de SMSI, 78% das fumantes brancas e 67% das fumantes pretas fumaram durante a gravidez. Segundo os autores, dada a forte conexão entre tabagismo e SMSI e gravidez, preocupa que muitas mulheres continuaram fumando durante este período, o que evidencia a necessidade de políticas direcionadas a esse público.

Curadoria: Dr. Guilherme Rocha, médico especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41372-022-01516-0

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