Proteogenômica identifica biomarcador de resistência no câncer de mama triplo negativo

Por Guilherme Rocha

7 junho 2023

O câncer de mama triplo negativo (TNBC) é um grande desafio clínico devido à sua agressividade e resistência aos tratamentos disponíveis. Habitualmente, é necessário tratamento combinado com diversas drogas, ainda assim sem garantias de eficácia.

A novidade é que um esforço de pesquisa envolvendo integrantes do Baylor College of Medicine e do Broad Institute of MIT, da Universidade de Harvard e da Universidade de Washington em St. Louis identificou uma assinatura gênica com potencial para prever a resposta do TNBC ao tratamento. O artigo do grupo em Cancer Discovery conta que foram utilizadas modernas técnicas desenvolvidas pela equipe cujo conjunto foi chamado de proteogenômica em microescala.

No estudo, o método foi empregado para avaliar amostras de biópsia de pacientes portadoras de TBNC antes do início da quimioterapia com carboplatina e docetaxel. Na prática, as pacientes foram separadas em dois grupos conforme responderam ou não à quimioterapia e os dados de proteômica, genômica, e fosfoproteômica foram comparados em busca de diferenças.

A análise pré-tratamento evidenciou exclusivamente vias metabólicas associadas à resistência, incluindo algumas relacionadas ao metabolismo de ácidos graxos. Quando integrados dados de expressão gênica e proteômica, ficou evidente que a sensibilidade à quimioterapia foi marcada por assinaturas de reparo de DNA mais altas, sinalização de interferon gama e componentes de controle imunológico.

Por fim, foram conduzidas análises triangulando a resposta ao tratamento, deleção ou ganho cromossômico e diminuições ou aumentos concordantes na expressão de mRNA e proteína. Isso levou a equipe a determinar que uma deleção no cromossomo 19, localizado em uma região chamada 19q13.31-33 (ligase de DNA – LIG1), estava associada à resistência ao tratamento quimioterápico. A associação entre perda de expressão ou deleção LIG1 e resistência à quimioterapia foi confirmada em outro conjunto de dados de pacientes TNBC.

Atualmente, a equipe trabalha em ensaios clínicos para avaliar a utilidade clínica do novo potencial biomarcador em prever resistência. Os autores também reforçam que alteração em LIG1 se associa com pior prognóstico em outros cânceres, sendo possível que seu direcionamento venha a originar novas estratégias terapêuticas, inclusive no TNBC.

Quer saber mais?

Fonte: https://aacrjournals.org/cancerdiscovery/article/doi/10.1158/2159-8290.CD-22-0200/708156/Proteogenomic-markers-of-chemotherapy-resistance

Total
0
Shares

Deixe uma resposta

Postagens relacionadas
%d blogueiros gostam disto: