A população acima de 65 anos é o grupo humano que mais cresce na grande maioria das populações do mundo. O envelhecimento da população global como realidade é um alerta para a carga futura cada vez maior de doença do envelhecimento sendo um estímulo para a pesquisa que visa intervir neste processo.
Efetivamente, a única abordagem até o momento que mostrou efeitos consistentes no prolongamento da vida útil é a restrição calórica. Entretanto, experimentos em humanos nesse sentido mostraram resultados mistos e na prática parece uma abordagem pouco viável em uma população mundial em que os níveis de sobrepeso e obesidade estão em franca ascensão.
Deste modo, a identificação de fármacos ou abordagens capazes de mimetizar os efeitos da restrição calórica é considerada a estratégia antienvelhecimento mais viável. Agora, pesquisadores da Universidade de Liverpool afirmam que um anti-hipertensivo de ampla prescrição pode ser esta droga.
A publicação em Aging Cell conta que o trabalho foi focado na rilmenidina, um composto oxazolínico cuja atividade anti-hipertensiva se dá por atividade sobre os receptores imidazolínicos l1 no sistema nervoso central.
No estudo, o fármaco foi utilizado para tratar o verme Caenorhabditis elegans e camundongos. Quando os vermes foram tratados, a rilmenidina promoveu aumento na sobrevida dos animais, tendo eles recebido o tratamento em idades mais precoces ou quando mais velhos. Também foi visto que a longevidade induzida por rilmenidina exigiu os fatores de transcrição FOXO/DAF-16 e NRF1,2,3/SKN-1 e teve como mecanismo central o fenômeno da autofagia.
Já em experimentos em que camundongos foram tratados com rilmenidina, os pesquisadores observaram alterações transcricionais similares às vistas com a restrição calórica nos tecidos hepático e renal.
Segundo os autores, as descobertas são importantes porque, juntas, sugerem um fármaco já comprovadamente seguro para uso humano com uma ação sobre o receptor imidazólico l1 capaz de mimetizar efeitos geroprotetores encontrados com a restrição calórica. Por tudo isso, justificam-se novas linhas de pesquisa nesse sentido com a rilmenidina.
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Fonte: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/acel.13774