A artrite reumatoide (AR) é um distúrbio inflamatório crônico sistêmico que afeta principalmente as articulações e tem origem autoimune. A doença afeta cerca de 2 milhões de brasileiros e tem preferência pelo sexo feminino.
O que causa a ativação indevida do sistema imune na AR ainda não determinado, mas um estudo recente de pesquisadores da Universidade do Colorado pode ter chegado mais perto deste objetivo ao correlacionar a doença com um componente específico do microbioma intestinal.
A publicação na Science Translational Medicine conta que o trabalho iniciou com a identificação no sangue de indivíduos em risco de AR de autoanticorpos que funcionam como biomarcadores. Curiosamente, foi visto que estavam presentes duas classes principais de autoanticorpos nas amostras desses indivíduos, IgG e IgA, sendo a última relacionada às barreiras mucosas do corpo. Esse achado fez o grupo hipotetizar a existência de algum componente em local de barreira que pudesse desencadear os sintomas de AR.
Na sequência, a equipe reagiu os autoanticorpos encontrados na coorte do estudo com amostras de fezes de indivíduos em risco de AR para encontrar as bactérias marcadas por estes autoanticorpos. Como resultado, autoanticorpos IgG e IgA de indivíduos em risco de AR reagiram de forma cruzada contra bactérias intestinais nas famílias Lachnospiraceae e Ruminococcaceae.
Análises posteriores identificaram uma cepa bacteriana específica do gênero Subdoligranulum que estava diretamente associada ao desenvolvimento de autoanticorpos. Transplantada esta cepa para camundongos, os animais desenvolveram os mesmos autoanticorpos encontrados nos humanos sob risco de AR além de um quadro articular similar à AR humana.
Outra descoberta foi que apenas as células T imunes de indivíduos em risco de AR respondem à esta cepa bacteriana, nada ocorrendo com as células T de indivíduos saudáveis.
Segundo os autores, se confirmado que uma única cepa bacteriana está impulsionando a resposta imune disfuncional que leva à AR, pode ser viável evitar a doença com medicamentos que eliminem seletivamente a cepa patogênica ou que interfiram no mecanismo imune que ela desencadeia.
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Fonte: https://www.science.org/doi/10.1126/scitranslmed.abn5166?cookieSet=1
