Estudo genético sugere uma visão inovadora sobre a artrite gotosa

Por Docmedia

3 fevereiro 2023

A artrite gotosa, ou simplesmente gota, é a forma mais comum de artrite inflamatória, afetando 1,4% da população mundial e cerca de 2% dos homens. A doença é causada pela deposição de cristais de urato, um subproduto da purina alimentar, no tecido articular. Isso estimula o inflamassoma NLRP3 e artrite mediada por interleucina 1-beta. Tradicionalmente, essa patogenia é vista como uma consequência do excesso de urato circulante, a hiperuricemia.

A novidade é que um estudo de pesquisadores da Universidade da Califórnia (San Diego) explorou as inconsistências do modelo e pode ter dado as bases para uma visão inovadora sobre a doença e novas estratégias de abordagem. Publicado em Arthritis & Rheumatology, o estudo explorou o paradoxo de que a hiperuricemia assintomática, considerada a principal causa da doença, é cerca de quatro vezes mais comum na população que a doença gota.

Além disso, pacientes com gota costumam apresentar níveis mais altos de urato articular que os encontrados na circulação. Ambas as evidências sugerem a possibilidade de outros fatores além da hiperuricemia promover a deposição articular de cristais de urato.

Para explorar mecanismos envolvidos na gota independentes da hiperuricemia os pesquisadores utilizaram o raro caso de uma mulher que desenvolve artrite inflamatória erosiva por uratos cristalinos que atende aos critérios do American College of Rheumatology (ACR) e da Liga Européia contra o Reumatismo (EULAR), mas ausência de hiperuricemia. Em amostras de tecido dessa paciente, a utilização de modernas técnicas de sequenciamento do genoma inteiro, sequenciamento de RNA e métodos proteômicos quantitativos permitiu aos pesquisadores identificarem uma via molecular interrompida relacionada à proteína articular lubricina.

A lubricina é uma proteína mucinosa que promove lubrificação das superfícies articulares e modula a atividade pró-inflamatória de macrófagos no tecido articular. Experimentos adicionais confirmaram que a lubricina normalmente bloqueia as vias de secreção de urato e sua deposição em forma de cristais na articulação. Por fim, a investigação de pacientes com gota clássica confirmou níveis significativamente reduzidos de lubricina.

Segundo os autores, a descoberta pode levar a novos biomarcadores de risco de gota baseados na atividade da proteína, assim como novas abordagens terapêuticas visando o aumento de sua atividade.

Quer saber mais?

Fonte: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/art.42413

Total
0
Shares

Deixe uma resposta

Postagens relacionadas
%d blogueiros gostam disto: