Novo modelo animal revela alvo terapêutico potencial contra a aterosclerose

Por Docmedia

30 novembro 2022

A aterosclerose é um processo inflamatório crônico da parede vascular com deposição de gordura e cálcio que culmina na redução da luz do vaso e sua eventual obstrução por trombos. O fenômeno também é uma das principais causa de morte no mundo e, embora existam tratamentos disponíveis, a pesquisa no tema é limitada devido à falta de um modelo animal adequado.

A novidade é que pesquisadores da Universidade de Osaka anunciaram ter chegado a esse objetivo e que o novo modelo já orientou uma potencial oportunidade de tratamento da doença. A publicação na revista iScience conta que o foco do trabalho foi a proteína favina. Essa molécula foi originalmente identificada como sendo altamente expressa na parede vascular em humanos, motivo pelo qual foi suspeitado que pudesse promover alguma influência no processo de aterogênese.

Para iniciar tal investigação, os pesquisadores partiram do modelo mais utilizado para estudo da aterosclerose, que são camundongos com exclusão genética da apolipoproteína E (ApoE). Esses animais foram manipulados para também não expressarem a proteína favina e o resultado obtido foi um grupo de animais que envelheceu apresentando lesões ateroscleróticas semelhantes às humanas, inclusive com deposição de cálcio e formação de trombos.

Com um novo modelo experimental em mãos, o estudo dos animais em nível molecular evidenciou que a manipulação genética dupla (ApoE e favina) promoveu níveis reduzidos de moléculas envolvidas na via de sinalização MEF2C-KLF2. Ocorre que MEF2C já foi associada por estudos à uma função protetora contra a aterosclerose. A correlação da expressão gênica nesses camundongos sem ApoE-favina também foi positiva em relação a tecidos de placas ateroscleróticas instáveis de pacientes humanos.

Segundo os autores, a exacerbação do desenvolvimento de lesões ateroscleróticas similares às humanas nos camundongos com nocaute duplo ApoE e favina implica que favina e a via MEF2C-KLF2 estão envolvidos no desenvolvimento de placas ateroscleróticas instáveis em humanos.

Além do estudo ter resultado em um modelo experimental que muito poderá contribuir para o estudo da doença aterosclerótica, suas descobertas sugerem potencial em terapias direcionadas à favina e à via MEF2C-KLF2.

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