Identificado importante mecanismo na origem da doença vascular

Por Docmedia

3 abril 2023

A doença vascular é um fenômeno sistêmico no qual um estímulo promove reorganização da estrutura da parede vascular que culmina em redução do lúmen e restrição do aporte de nutrientes e oxigênio para os tecidos. Sendo responsável por algumas das principais causas de morte em todo o mundo (infarto e acidente vascular cerebral) a doença vascular tem agora uma nova perspectiva de futuros tratamentos a partir do trabalho de pesquisadores da Universidade de Tsukuba, no Japão.

A publicação na revista Cardiovascular Research conta que a equipe investigou um mecanismo chamado transdiferenciação celular a partir de experimentos em modelos animais. Basicamente, ligaduras temporárias na carótida foram utilizadas para induzir o mesmo tipo de alterações na parede vascular que são produzidas pela doença vascular. Ou seja, as ligaduras vasculares estimularam a proliferação de novas células musculares lisas na parede vascular e o surgimento da chamada camada neoíntima nos vasos afetados.

Com isso, os pesquisadores aproveitaram o surgimento dessas células neointimais para tentar determinar sua origem e as moléculas que promovem sua diferenciação. O esforço mostrou que, nos animais do estudo, essas novas células musculares lisas exibiam tanto marcadores de células musculares lisas quanto de células endoteliais. Ou seja, o achado sugere que o evento estressor induziu o próprio revestimento endotelial a se transdiferenciar em células musculares lisas.

A equipe também encontrou uma variedade de moléculas associadas à função do músculo liso na superfície das células endoteliais após a ligadura, sugerindo que essas células são funcionalmente capazes de se comportar como células musculares lisas. Igualmente importante, os pesquisadores realizaram manipulação genética para bloquear nas células a função do gene que codifica o fator 1-alfa induzido por hipóxia (HIF1-alfa), uma molécula ativada em baixas concentrações de oxigênio que influencia a formação da matriz extracelular.

Curiosamente, o bloqueio de HIF1-alfa resultou em menor formação da camada neoíntima nos vasos danificados e também reduziu uma série de marcadores relacionados ao processo de transdiferenciação celular. O mesmo tipo de mecanismo envolvendo HIF1-alfa e alterações em células endoteliais foi demonstrado pelo grupo em células humanas.

Segundo os autores, esse conjunto de evidências sugere o HIF1-alfa como importante impulsionador da transdiferenciação e doença da parede vascular, ao mesmo tempo que sugere como promissoras estratégias para o seu bloqueio visando interromper ou prevenir a doença vascular.

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Fonte: https://academic.oup.com/cardiovascres/advance-article-abstract/doi/10.1093/cvr/cvac190/6942105?redirectedFrom=fulltext&login=false

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