Estudo identifica base científica dos distúrbios olfativos pós-covid-19

Por Docmedia

9 agosto 2023

Parosmia é um distúrbio raro do olfato em que odores anteriormente percebidos como cotidianos e até agradáveis passam a ser percebidos com desconforto e até mesmo repugnância. A alteração era vista como um evento raro, se instalando após episódios de resfriado, gripe, sinusite ou trauma craniano e tendo fisiopatologia em muito desconhecida.

Entretanto, com a pandemia de covid-19, especialmente com as cepas iniciais, entre 50 e 60% dos afetados desenvolveu anosmia e 10% destes evoluiu com parosmia. A prevalência da variante ômicron resultou em queda da anosmia de 10 para 20%, uma redução que ainda pode significar alguns milhões de casos de parosmia.

A novidade é que pesquisadores da Reading University e da University College London relataram importantes avanços na compreensão desta condição debilitante. O artigo do grupo na Communications Medicine conta que o estudo inicial contou com 14 participantes parósmicos pré-covid-19 e 15 participantes não parósmicos entre outubro de 2019 e março de 2020.

Posteriormente, foram incluídos dados de 15 participantes parósmicos pós-covid-19 recrutados entre julho e setembro de 2020. Para investigar os diferenciais olfativos entre os grupos foi utilizada a técnica de olfatometria de cromatografia gasosa, capaz de identificar separadamente componentes individuais de misturas olfativas complexas.

Em outras palavras, um aroma como o de café foi introduzido em um tubo capilar que separa os componentes olfativos por velocidade de tráfego. Deste modo, os componentes possuem diferentes velocidades para atravessar o capilar e serem percebidos pelos participantes. Deste modo, dentre os mais de 100 componentes aromáticos do café, foram identificados ao menos 15 que desencadearam a parosmia nos participantes suscetíveis, covid ou não-covid, mas não nos controles.

Segundo os autores, o estudo fornece evidência sólida de que a parosmia é causada pela percepção alterada de alguns componentes aromáticos pelas vias neurais do sistema olfatório. Além disso, o estudo identificou compostos que são gatilhos para a parosmia, assim como uma lista de alimentos tidos como “seguros” por serem menos propensos a desencadear a parosmia.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s43856-022-00112-9

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