Estudo desvenda que bactéria intestinal comum induz resposta imune homeostática

Por Docmedia

7 outubro 2022

O microbioma intestinal tem sido cada vez mais associado a diversos resultados associados à saúde e à doença. Embora essas relações sejam cada vez mais demonstradas, identificar o metabólito responsável por um determinado efeito e seu mecanismo de ação, o que poderia orientar o desenvolvimento de novas terapias, tem sido um desafio relevante.

Nesse contexto, muito importante o novo estudo de pesquisadores da Harvard Medical School e do Borad Institute of MIT descrevendo a regulação imune promovida por um lipídio da membrana de bactéria relativamente comum. A publicação na Nature conta que o foco do trabalho foi a espécie Akkermansia muciniphila, um anaeróbio obrigatório Gram-negativo que corresponde a até 3% das bactérias contidas em um microbioma padrão.

Estudos já demonstraram que a abundância de A. muciniphila está associada à proteção contra diabetes e doença inflamatória intestinal, mas também com maior sensibilidade à imunoterapia com inibidores do ponto de verificação imune (PD-1, PD-L1).

A equipe relata ter utilizado técnicas investigativas relativamente simples como análise espectroscópica e síntese química para identificar a estrutura e função de uma diacilfosfatidiletanolamina com duas cadeias ramificadas (a15:0-i15:0 PE) presenta na membrana celular de A. muciniphila.

Experimentos em culturas celulares mostraram que esse lipídio interage com os receptores toll-like (TRL1 e TRL2) na superfície de células imunes. A função principal desses receptores é detectar bactérias e definir se são inócuas ou perigosas, mas a interação com o lipídio de membrana estimulou a produção de um grupo seletivo de citocinas, mas não de outras.

Além disso, foi detectada uma função homeostática, em que o lipídio inibe a resposta imune à uma molécula potencialmente prejudicial até que sua concentração aumente até determinado nível, o que mantém um teto saudável de processo inflamatório.

Segundo os autores, suas descobertas podem orientar novos estudos do gênero com técnicas mais acessíveis e também apresenta novas possibilidades de drogas que modulem a capacidade de A. muciniphila de regular a resposta imune.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41586-022-04985-7

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