Técnica japonesa pode contribuir para o futuro da reconstrução mamária

Por Docmedia

6 abril 2023

A reconstrução mamária após o tratamento cirúrgico do câncer de mama é uma fase de extrema importância para que essas mulheres experimentem um avanço em termos de estrutura psicológica e autoestima. Entretanto, as técnicas cirúrgicas atuais para a reconstrução mamária ainda estão aquém do ideal, especialmente no que se refere ao possível deslocamento e mau posicionamento da prótese e à obtenção de uma mama reconstruída semelhante à mama remanescente.

A novidade é que pesquisadores da Universidade da Pensilvânia têm utilizado uma tradicional técnica japonesa de corte de papel para melhorar os resultados desse tipo de cirurgia. A publicação em Advanced Materials lembra que o deslocamento da prótese resulta da utilização de materiais exógenos como o silicone em um formato arredondado que não se adapta bem aos tecidos circundantes e tem dificuldade de reproduzir o formato de lágrima peculiar à mama humana.

O trabalho da equipe se deu principalmente sobre o material que, atualmente, reveste as próteses de silicone, chamado matriz dérmica acelular (ADM). Trata-se de uma malha cirúrgica derivada da pele humana ou animal da qual foram extraídas as células, restando uma matriz de suporte rica em colágeno. Esse material promove melhor suporte à prótese e a isola da reação do sistema imune. Atualmente, o revestimento de ADM é produzido em folhas bidimensionais que formam rugas para se adequar às próteses arredondadas e não conseguem reproduzir o formato natural da mama.

No estudo, os pesquisadores passaram a mapear a superfície tridimensional da mama por computador e, então, projetaram uma série de cortes no revestimento de ADM (técnica de kirigami) de forma a transformá-lo em uma rede flexível e elástica envolvendo a prótese. A nova técnica baseada em kirigami foi demonstrada com sucesso em uma cirurgia simulada na qual a folha ADM recortada foi suturada à placa torácica de um manequim cirúrgico e o implante de silicone afunilado entre o tórax e a folha de ADM.

Segundo os autores, a nova técnica ofereceu suporte adequado e um grau maior de personalização à cirurgia, além de ter resultado em uma economia de cerca de 20 a 40% em termos de material para o revestimento de ADM. No futuro, o que se espera é que se possa escanear a mama remanescente e criar um revestimento de ADM com desenho kirigami que seja personalíssimo para cada paciente.

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Fonte: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/adma.202208088

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