Uso de antibióticos pode promover progressão acelerada do melanoma

Por Docmedia

24 maio 2023

Há um conjunto cada vez maior de evidências mostrando que a saúde geral do organismo é extremamente dependente do equilíbrio do microbioma intestinal. Agora, pesquisadores da Universidade Emory, em Atlanta, descobriram que essa relação é tão ampla que pode influenciar até mesmo a progressão de um câncer de pele agressivo como o melanoma.

Artigo do grupo no The Journal of Clinical Investigation narra um experimento relativamente simples que permitiu aos pesquisadores fazerem importantes descobertas sobre as complexas relações que envolvem a interação entre o microbioma intestinal, o sistema imune e a progressão do melanoma.

No estudo, parte de um grupo de camundongos recebeu antibióticos de amplo espectro por via oral e, posteriormente, todos os animais receberam injeções com células de melanoma B16-F10 no coração e na medula óssea. Após um período de observação, foi visto que os animais tratados com os antibióticos mostraram maior progressão do melanoma, em especial o desenvolvimento de metástase ósseas líticas. Além de comprovar a hipótese de que a integridade do microbioma é crítica para conter a progressão do melanoma, o estudo investigou os mecanismos envolvidos no fenômeno.

A análise por citometria de fluxo das placas de Peyer e células da medula óssea nas lesões tumorais revelou que a depleção do microbioma impediu a expansão induzida pelo melanoma das células imunes natural killer (NK) e Th1 intestinais e sua migração do intestino para os ossos com metástase. A investigação ainda incluiu a estimativa do efeito imunossupressor dos antibióticos monitorando a migração das células imunes do intestino para o local das metástases ósseas utilizando a citometria de fluxo em camundongos Kaede.

Esses animais exibem uma proteína fluorescente que permite a identificação das células NK e Th1, determinando que a migração foi oito vezes menor após a antibioticoterapia. Por fim, o estudo revelou que a utilização de antibióticos promoveu efeitos semelhantes ao bloqueio dos receptores responsáveis pela saída das células imunes do intestino (S1PR5 e S1PR1) e pelo influxo das células NK e Th1 circulantes no tumor (CXCL9 e CXCR3).

Com esses dados, os autores afirmam que a terapia antibiótica pode ter sérias consequências no melanoma e em outras doenças em que a atividade imune é crítica. Nesse contexto, os probióticos também podem ser importantes para a manutenção do microbioma e da saúde em geral.

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Fonte: https://www.jci.org/articles/view/157340

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