Uma via alternativa para superar a resistência medicamentosa do câncer de cólon

Por Docmedia

30 novembro 2022

O câncer colorretal (CCR) é o terceiro mais diagnosticado no mundo e perde como causa de morte apenas para o câncer de pulmão. Nos tumores metastáticos, o tratamento de primeira linha é feito com uma combinação de quimioterápicos que inclui ácido folínico, 5-fluorouracil, oxaliplatina e irinotecano (FOLFOXIRI).

Contudo, trata-se de uma terapia agressiva, com ação sistêmica e não seletiva, o que resulta em muitos efeitos colaterais. Além disso, parte considerável dos pacientes desenvolve quimiorresistência após algum tempo de tratamento.

A novidade é que um estudo de pesquisadores da Universidade de Genebra conseguiu desenvolver uma estratégia para evitar a quimiorresistência, o que pode melhorar os números ainda pobres de sobrevida da doença. Artigo recente do grupo no periódico Cancers conta que o trabalho se iniciou com a construção de um modelo in vitro de resistência medicamentosa.

Células cancerígenas coletadas de diferentes pacientes com CCR foram cultivadas em laboratório em culturas 2D e 3D. Após a proliferação inicial, as células foram cronicamente expostas a FOLFOXIRI até que, após períodos entre 34 e 50 semanas de exposição, a maior parte das células mostrava sinais de quimiorresistência adquirida.

O estudo dessas “novas células” mostrou um fenômeno de dessensibilização da membrana plasmática que limitava a penetração dos quimioterápicos na célula e promovia sua sobrevivência. Além disso, o sequenciamento genômico quais genes estavam com regulação aumentada ou diminuída em comparação com as células antes da quimiorresistência.

Para direcionar as alterações encontradas, os pesquisadores expuseram as células resistentes ao FOLFOXIRI à uma combinação de agentes inibidores da tirosina quinase visando a via Ras-Raf-MEK-ERK. Os inibidores da tirosina quinase inibiram a atividade metabólica nas linhagens cancerígenas quimiorresistentes testadas em até 82%.

Segundo os autores, esse ataque metabólico suprimiu parte considerável da energia das células cancerígenas, abrindo novas oportunidades para combater a quimiorresistência responsável pela baixa sobrevida dos portadores desse tipo de tumor. Além disso, a nova terapia tem o mérito de exibir atuação direcionada, não afetando as células saudáveis.

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