Um link consistente entre microbioma intestinal e diabetes tipo 2

Por Docmedia

17 março 2023

O microbioma intestinal pode ser definido como o conjunto de bactérias, vírus e fungos que habitam a luz intestinal em simbiose com o organismo hospedeiro. Nos últimos anos, um corpo de dados cada vez mais consistente demonstra a influência de variações no microbioma sobre diversas condições de saúde ou doença que vão desde doença de Alzheimer até câncer colorretal.

A novidade é que pesquisadores do Cedars-Sinai anunciaram descobertas que podem incluir o diabetes tipo 2 nessa listagem de comorbidades influenciadas pelo microbioma e até originar novas estratégias de tratamento da doença. A publicação no periódico Diabetes lembra que há anos as causas do diabetes tipo 2 são pesquisadas por uma vertente que suspeita a existência de uma relação entre a doença e alterações no microbioma intestinal.

Inclusive, tais estudos mostraram que indivíduos que processam de maneira inadequada o hormônio insulina tendem a exibir um microbioma intestinal mais pobre em cepas bacterianas produtoras de um ácido graxo específico chamado butirato. Entretanto, mesmo com esse tipo de correlação demonstrada, fica a pergunta se foi a composição do microbioma que induziu o surgimento do diabetes ou se o diabetes criou condições para a alteração no perfil do microbioma de portadores da doença.

Esperando responder a algumas dessas questões, o estudo atual é um desmembramento do estudo multicêntrico chamado Microbiome and Insulin Longitudinal Evaluation Study (MILES). Os pesquisadores trabalharam com uma coorte de 353 pessoas, sendo 224 brancos não-hispânicos e 129 afro-americanos. Nenhum dos participantes tinha diagnóstico conhecido de diabetes e todos forneceram três amostras de fezes para sequenciamento genômico do microbioma, preencheram um questionário alimentar e se submeteram a um teste de tolerância oral à glicose (TOTG) como forma de documentar o status de seu metabolismo glicêmico.

Nessa coorte, o TOTG identificou 28 participantes com critérios para o diagnóstico de diabetes tipo 2, 135 com intolerância à glicose e 190 participantes com metabolismo normal. Outros fatores de risco de diabetes como idade, sexo, etnia e índice de massa corporal (IMC) foram controlados na amostra.

O cruzamento dos dados de status glicêmico com a presença de 36 cepas bacterianas produtoras de butirato mostrou que indivíduos com maior presença de Coprococcus tendem a melhor controle glicêmico enquanto germes Flavonifractor, apesar de produtores de butirato, tendiam a exibir mais intolerância à glicose.

Segundo os autores, com vários pontos ainda a serem estudados, é possível que em 5 ou 10 anos abordagens para o diabetes tipo 2 baseadas em microbioma estejam disponíveis.

Quer saber mais?

Fonte: https://diabetesjournals.org/diabetes/article/71/11/2438/147445/Butyrate-Producing-Bacteria-and-Insulin

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