Transplante autólogo de células-tronco melhor no longo prazo para esclerose múltipla

Por Docmedia

28 março 2023

A esclerose múltipla (EM) é um distúrbio neurodegenerativo crônico que costuma se iniciar com surtos esporádicos de neuroinflamação intercalados com variáveis períodos de remissão. Esta fase, chamada EM remitente-recorrente, eventualmente evoluiu para um outro estágio em que a doença passa a piorar progressivamente de forma constante, a EM secundária progressiva.

Atualmente, o tratamento visando retardar a incapacidade gerada pela doença em ambas as fases é feito com terapias anti-inflamatórias modificadoras da doença (DMT). O transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas (AHSCT) também mostrou benefícios na EM remitente-recorrente, mas pouco se sabe sobre seus efeitos na doença mais avançada e progressiva. Agora, pesquisadores da Universidade de Gênova encontraram fortes indícios de que AHSCT pode ser uma opção até melhor que os DMTs na EM secundária progressiva.

A publicação em Neurology conta que a conclusão foi fruto de um estudo retrospectivo com dados de 10 anos de acompanhamento de portadores de EM secundária progressiva pareados por idade, sexo e grau de incapacidade, sendo que 79 deles foram tratados com AHSCT e 1.975 receberam diferentes DMTs como beta-interferon, azatioprina, metotrexato e ciclofosfamida.

O grau de incapacidade foi medido pela Escala Expandida do Estado de Incapacidade (EDSS), um método estabelecido com pontuações que variam de zero (sem sintomas) a dez (morte por EM). No início do estudo, todos os participantes em ambos os grupos tiveram pontuação média de 6,5. A partir daí, os participantes receberam uma pontuação de 6,0 quando ocasionalmente precisavam usar uma bengala ou órtese para caminhar cerca de 100 metros com ou sem descanso.

Quando os pacientes precisavam usar uma bengala ou órtese constantemente em ambos os lados para caminhar cerca de 20 metros sem descanso, recebiam uma pontuação de 6,5. Após 5 anos, 62% do grupo AHSCT evoluíram sem registrar piora na incapacidade em comparação a apenas 46% no grupo DMT. Também importante, o grupo AHSCT mostrou 19% de chance de melhora na incapacidade contra apenas 4% no grupo DMT. Ao longo dos 10 anos de estudo, a pontuação de incapacidade no grupo AHSCT diminuiu em média 0,01 pontos anualmente, enquanto a pontuação média no grupo DMT aumentou 0,16 pontos anualmente.

Segundo os autores, embora com algumas limitações, como não incluir todos os DMTs, e sem poder para determinar causalidade, os dados são animadores e ensejam confirmação por estudos maiores. Além disso, ressaltam que suas conclusões são aplicáveis apenas a portadores de EM com sinais de atividade inflamatória da doença.

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Fonte: https://n.neurology.org/content/early/2022/12/21/WNL.0000000000206750

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