Técnica simples e acessível busca substituir os transplantes de córnea de doadores

Por Docmedia

25 maio 2023

Lesões ou doenças que comprometam a arquitetura e a função da córnea podem levar à deficiência visual e até mesmo cegueira completa. Estima-se que hoje mais de 12 milhões de pessoas no mundo dependam de um transplante de córnea para voltar a enxergar. Contudo, é disponibilizada apenas uma córnea de doador para cada setenta que são demandadas.

A novidade é que, buscando modificar este panorama, pesquisadores da Universidade Linköpings, na Suécia, desenvolveram uma alternativa que mostrou ser tão eficaz quanto as córneas doadas. A publicação na Nature Biotechnology conta que o tecido utilizado no lugar das córneas doadas é um composto de colágeno altamente purificado obtido da pele do porco, um subproduto colateral da indústria alimentícia.

Técnicas de bioengenharia transformam esse colágeno em um produto reticulado e sem células, aplicado no leito cirúrgico por meio de técnica minimamente invasiva que dispensa a realização de suturas. O tecido corneano nativo não é retirado, mas sofre remodelamento induzido pelo implante, recuperando suas características originais e sua funcionalidade.

A fixação pode então ser concluída com o uso de lasers oftalmológicos padrão ou instrumental manual. Além disso, também foi desenvolvida uma técnica de estabilização do colágeno purificado que permite que o material seja embalado e armazenado em boas condições por até dois anos.

No estudo, o novo implante foi utilizado em 20 pacientes portadores de ceratocone, 14 dos quais eram efetivamente cegos. Dois anos após a execução do implante com o novo material, os pesquisadores documentaram a recuperação significativa da visão em todos os participantes, sendo que esta recuperação chegou a níveis de 100% (visão 20/20) para alguns deles.

Com tais resultados e as características de simplicidade do método, os autores estão animados que seus benefícios possam alcançar até mesmo aqueles sem acesso a cuidados oftalmológicos avançados. No momento, a meta da equipe é conduzir ensaios clínicos maiores nos EUA e Europa em busca de dados de segurança e eficácia para futura comercialização.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41587-022-01408-w

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