Sistema endocanabinoide endógeno pode originar novas abordagens na asma

Por Docmedia

12 janeiro 2023

As doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC) são a terceira principal causa de morte no mundo. Uma das apresentações desse tipo de distúrbio, a asma brônquica, é um processo inflamatório que culmina em uma constrição brônquica potencialmente fatal. Há conhecidas opções terapêuticas para controle da constrição brônquica nas crises de asma, mas esses fármacos tendem a perder eficácia com o uso prolongado.

A novidade é que um estudo de pesquisadores da Ruhr University Bochum, na Alemanha, identificou uma nova via de sinalização relacionada ao sistema endocanabinoide capaz de promover a broncodilatação. A publicação na Nature Communications conta que um experimento anterior do grupo já indicava que a anandamida, o endocanabinoide endógeno mais conhecido, promovia broncodilatação. Agora, os pesquisadores investiram em desvendar por completo o mecanismo envolvido.

Utilizando modelos murinos de asma e células humanas, a primeira descoberta foi a de que os receptores endocanabinoides CB1 e CB2 não participavam do mecanismo de regulação brônquica da anandamida, sugerindo a existência de uma via alternativa. Posteriormente, foi demonstrado que a aventada via alternativa envolve a enzima amida hidrolase de ácido graxo (FAAH).

Essa enzima degrada a anandamida, produzindo, entre outros metabólitos, o ácido araquidônico, que, por sua vez, é convertido em prostaglandina E2, um conhecido broncodilatador. Assim como outros medicamentos broncodilatadores consagrados, a prostaglandina E2 promove aumento de adenosina monofosfato cíclica (AMPc). Também foi visto que a enzima FAAH se concentra no epitélio ciliado e na musculatura lisa dos brônquios.

Outros experimentos com animais e células humanas confirmaram aumento do AMPc após administração de anandamida. A anandamida também promoveu broncodilatação em modelos murinos de asma. Por fim, foi visto que animais asmáticos possuem menos anandamida que seus pares sem a doença.

Segundo os autores, suas descobertas são uma esperança para novos medicamentos broncodilatadores visando o sistema endocanabinoide, mas muito estudo ainda é necessário. Outro ponto é que ainda não se pode transpor esses efeitos para um suposto potencial terapêutico de canabinoides vegetais.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41467-022-34327-0

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