O intestino humano contém entre 500 a 1.000 diferentes espécies bacterianas em atividade, o que pode significar um microbioma composto por até 100 trilhões de microrganismos. Estudos mostram que a composição do microbioma influencia uma série de doenças humanas, mas trata-se de um processo complexo e dinâmico.
Na verdade, a composição do microbioma se modifica constantemente, tanto em resposta aos alimentos que ingerimos como em resposta aos diferentes períodos do dia. A novidade é que pesquisadores da Universidade da Califórnia (San Diego) decidiram investigar essa complexidade do microbioma em diferentes momentos do dia e com diferentes estímulos dietéticos e ver como isso afeta o organismo hospedeiro.
O artigo do grupo na Cell Reports ressalta a divisão de trabalho do no intestino, com a porção ileal dedicada à absorção dos nutrientes do alimento e o ceco iniciando a reabsorção de água feita no intestino grosso. No estudo, um grupo de camundongos foi alimentado com dieta rica em gordura e sem restrição de tempo para a alimentação. Neste processo, amostras de fezes foram colhidas para sequenciamento do microbioma e transcriptômica.
Posteriormente, os animais tiveram introduzida a restrição de tempo para a alimentação e o trabalho de coleta foi refeito. Curiosamente, os pesquisadores descobriram que a dieta rica em gordura sem restrição de tempo resultou em interrupção do ritmo circadiano do intestino e vias de sinalização a ele relacionadas, como o controle da glicose e do colesterol.
Os animais também aumentaram o peso corporal. Essa alteração foi vista principalmente no íleo, com provável impacto sobre as funções absortivas. Quando comparados com animais que estavam sob a restrição de tempo para alimentação rica em gordura, foi visto que os ritmos ileais foram mantidos, assim como foi prevenido o ganho de peso melhorado o controle glicêmico.
Segundo os autores, seus dados sugerem a importância dos padrões dietéticos com restrição de tempo para geração de um microbioma com características mais saudáveis.