A restrição da ingestão de calorias já mostrou retardar os processos biológicos do envelhecimento em diversos modelos animais, incluindo vermes nematódeos, moscas de fruta e camundongos. O efeito antienvelhecimento da restrição de calorias nesses modelos vai além de apenas reverter biomarcadores do processo, mas chega a prolongar significativamente a sobrevida e a vida com saúde.
Experimentos do tipo para transpor esses achados para seres humanos são extremamente difíceis porque, além do longo ciclo de vida, a prática da restrição calórica continuada é um desafio efetivo num mundo que convive com recordes de sobrepeso e obesidade.
A novidade é que um esforço internacional de pesquisa liderado pelo Butler Columbia Aging Center da Columbia University Mailman School of Public Health anunciou a conclusão do primeiro estudo randomizado controlado em humanos abordando o tema e trouxe resultados interessantes. A publicação em Nature Aging conta que o estudo randomizado controlado CALERIE Fase 2 foi a primeira investigação dos efeitos da restrição calórica de longo prazo em humanos saudáveis e não obesos.
Foram recrutados 220 homens e mulheres saudáveis que foram randomizados para se alimentarem com uma dieta padrão em termos calóricos ou uma dieta com restrição calórica de 25% por um período de 24 meses. CALERIE é um acrônimo para “Avaliação Abrangente dos Efeitos de Longo Prazo da Redução da Ingestão de Energia”, uma avaliação que contou também com a aferição do envelhecimento biológico realizada por meio de amostras de sangue fornecidas no início do estudo e após 12 e 24 meses de intervenção alimentar.
Essas amostras serviram para o estudo de biomarcadores do ritmo de envelhecimento biológico, mais especificamente marcas de metilação de DNA em neutrófilos. Na análise, a equipe se concentrou em três marcas de metilação do DNA. As duas primeiras, PhenoAge e GrimAge, estimam a idade biológica, ou a idade cronológica em que a biologia de uma pessoa pareceria adequada, sendo uma medida de envelhecimento acumulado. Já a terceira medida, o DunedinPACE, estima o ritmo do envelhecimento, ou a taxa de deterioração biológica ao longo do tempo.
Segundo os autores, apenas essa última medida foi relevante no estudo, possivelmente por seu caráter dinâmico. Na prática, foi encontrado que a restrição calórica de 25% diminuiu o ritmo do envelhecimento em humanos em cerca de 2 a 3%, o equivalente a uma redução do risco de mortalidade de 10 a 15%.
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