Quantidade acessível de componente do gengibre consegue ativar o sistema imunológico

Por Docmedia

28 abril 2023

O gengibre (Zingiber officinale) é uma planta perene de origem asiática cujo caule subterrâneo é utilizado como especiaria na culinária desde a antiguidade. O consumo do gengibre possui associação anedótica com uma série de benefícios à saúde, inclusive a melhora do sistema imunológico.

A novidade é que um novo estudo de pesquisadores do Instituto Leibniz de Biologia de Sistemas Alimentares da Universidade Técnica de Munique revelou resultados que agora apoiam essa tese. A publicação na revista Molecular Nutrition & Food Research revela que, entre as preocupações da equipe de pesquisa estava não apenas pesquisar os efeitos do gengibre, mas também avaliar se quantidades habituais e acessíveis de consumo seriam suficientes para que eventuais benefícios a saúde sejam alcançados.

Nesse contexto, foi descoberto que quantidades significativas de compostos pungentes de gengibre entram no sangue cerca de 30 a 60 minutos após o consumo de um litro de chá de gengibre. Dentre os compostos do gengibre, merece destaque o [6]-gingerol com concentrações plasmáticas de aproximadamente 7 a 17 microgramas por litro. Esse composto é conhecido por exercer seu efeito de sabor frutado e picante por meio do receptor TRPV1, um canal iônico localizado na superfície das células nervosas que responde a estímulos dolorosos de calor, bem como a compostos pungentes como os contidos no gengibre e na pimenta.

Ocorre que há estudos mostrando que algumas células imunes também possuem o receptor TRPV1, o que instigou os pesquisadores a também investigarem se o [6]-gingerol mostraria alguma influência sobre essas células. Num primeiro momento, foi confirmada a presença do receptor TRPV1 em granulócitos neutrófilos, que compõem cerca de 60% das células imunes e são uma das mais imediatas linhas de defesa do organismo.

Outros experimentos evidenciaram que os neutrófilos podem ser ativados para um estado de alerta quando essas células são expostas a quantidades tão pequenas quanto 15 microgramas de [6]-gingerol. O experimento também quantificou esse efeito, mostrando que as células expostas ao gengibre mostraram reação 30% mais intensa (secreção de CXCL8 e produção de espécies reativas de oxigênio – ROS) a um peptídeo que simula uma infecção bacteriana que outro grupo de neutrófilos não expostos.

A adição de um inibidor específico do receptor TRPV1 foi suficiente para reverter os efeitos do [6]-gingerol.

Segundo os autores, ainda que muitas perguntas ainda precisem de resposta, seus experimentos sugerem que, em condições do cotidiano, a ingestão de aproximadamente um litro de chá de gengibre forneceria ao corpo quantidade suficiente de [6]-gingerol para afetar a função das células imunes via receptor TRPV1.

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Fonte: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/mnfr.202200434

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