Pomada de seiva de árvore é a nova promessa contra feridas cutâneas difíceis

Por Docmedia

20 outubro 2022

Estima-se que o diabetes mellitus afete atualmente mais de 500 milhões de pessoas em todo o mundo. A lesão vascular induzida pela doença é responsável por uma série de doenças secundárias, entre as quais feridas cutâneas de difícil cicatrização e maior risco de infecção.

A novidade é que um grupo de pesquisa com integrantes de instituições no Reino Unido (Universidade de Cardiff) e na Austrália (Universidades de Queensland e Brisbane) identificou uma árvore cuja seiva mostra surpreendente eficácia em atacar ambos os problemas. A publicação na Science Translational Medicine conta que o foco do trabalho foi a árvore de Queensland, a Fontainea pricosperma.

Evidências anedóticas já davam conta de supostos efeitos benéficos da seiva da F. picosperma para a cicatrização da pele. Com o objetivo de trazer esses dados para a pesquisa controlada, os pesquisadores produziram uma pomada tendo como base a seiva da árvore (epóxi-tiglianes).

A pomada foi aplicada em um grupo de bezerros com queimaduras térmicas na cabeça em virtude do corte dos chifres enquanto outro grupo de bezerros foi tratado com placebo. Após 28 dias da intervenção, 75% dos bezerros tradados com seiva de F. picosperma estavam com a ferida cicatrizada, ao passo que isso só foi visto em 25% dos animais que receberam placebo. Além disso, o novo candidato medicamento se mostrou eficaz em prevenir a ocorrência de infecção bacteriana

Em feridas de camundongos diabéticos cronicamente infectadas, o tratamento induziu a produção de citocinas, recrutamento de células inflamatórias e aceleração da cicatrização. Ao investigar a seiva, os pesquisadores identificaram a molécula EBC-1013 que, in vitro, demonstrou ser capaz de induzir de espécies reativas de oxigênio (ROS) de neutrófilos e aumentar a expressão de citocinas, quimiocinas e peptídeos antimicrobianos associados à cicatrização de feridas em queratinócitos e fibroblastos.

As feridas do diabetes são um importante desafio clínico devido à sua indolência e à formação de biofilme bacteriano. EBC-1013 também mostrou interferir na estrutura do biofilme, tornando o ataque imune mais efetivo.

Segundo os autores, isso leva à necessidade de opções de tratamento da condição que não os antibióticos, visando reduzir a criação de resistência. E os dados do estudo sugerem que EBC-1013 é um bom candidato para a função.

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Fonte: https://www.science.org/doi/10.1126/scitranslmed.abn3758

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