Pesquisa identifica o tipo celular alvo para terapias contra a fibrose pulmonar

Por Docmedia

15 fevereiro 2023

A fibrose pulmonar idiopática (FPI) é um distúrbio degenerativo relacionado ao envelhecimento em que o tecido pulmonar perde progressivamente a sua função de troca gasosa devido à substituição do parênquima saudável por tecido fibrótico. A causa da doença é desconhecida e ainda não existe tratamento disponível, mas o anúncio de avanço recente por pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa do Câncer da Espanha pode ser um importante passo na direção certa.

A publicação na Nature Communications conta que o investimento principal da equipe foi descobrir qual tipo celular presente no pulmão passa a mostrar mau funcionamento na FPI, determinando a doença. O foco do trabalho foram os telômeros das células, estruturas moleculares compostas por proteínas e DNA não codificante nas extremidades dos cromossomos e cuja função é manter a estabilidade estrutural do cromossomo e proteger o material genético contra desgaste.

Curiosamente, os telômeros possuem relação íntima com o processo de envelhecimento, sendo encurtados progressivamente até uma extensão crítica que torna o cromossomo instável. No estudo, os pesquisadores manipularam geneticamente diferentes tipos celulares presentes nos pulmões, bloqueando o gene TRF1 que codifica uma proteína crítica para o funcionamento normal dos telômeros. Em seguida, foi observado em cada um dos modelos se a intervenção resultou no surgimento de fibrose.

Com a FPI surgindo apenas após a manipulação das células chamadas pneumócitos alveolares do tipo II, ficou evidente que o grupo havia encontrado aquele que deve ser o principal alvo de terapias candidatas a tratar a FPI. Além desta importante descoberta, os pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa do Câncer desenvolveram uma estratégia terapêutica experimental com fundamento nos achados do estudo.

A terapia ativa a produção da enzima telomerase, cuja função é atuar no processo de reparo dessas estruturas. Segundo os autores, o caminho é tão promissor que a estratégia foi alvo de pedidos de patente e resultou na criação da empresa Telômero Therapeutics. Em caso de sucesso, seria a primeira vez que o envelhecimento estaria sendo tratado diretamente.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41467-022-32771-6

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