Novos antidepressivos podem surgir a partir de engenharia inspirada no LSD e cogumelos

Por Docmedia

22 fevereiro 2023

O transtorno depressivo maior (TDM) é um distúrbio mental caracterizado por um conjunto de sentimentos negativos presentes por ao menos duas semanas. Cerca de 60% dos indivíduos que cometem suicídio eram previamente acometidos por TDM ou outro transtorno do humor. Infelizmente, o tratamento da depressão ainda tem como desafios terapias apenas parcialmente eficazes e com necessidade de tratamento diário por longos períodos.

A novidade é um esforço que reúne pesquisadores de diversas instituições de pesquisa, incluindo Universidade da Califórnia, Yale e Stanford, desenvolveram um novo grupo de fármacos antidepressivos a partir de um interessante trabalho de engenharia química. A publicação em Nature conta que o foco do trabalho foi o receptor de serotonina 5-HT2A. Tradicionalmente, os agonistas do receptor 5-HT2A como o ácido lisérgico (LSD) e cogumelos psilocibina possuem conhecido efeito antidepressivo, mas isto é acompanhado de indesejáveis efeitos psicodélicos.

No estudo atual, o grupo utilizou uma biblioteca virtual com tetrahidropiridinas para investigar o acoplamento dessas moléculas ao receptor 5-HT2A. O trabalho final baseado em otimização estrutural identificou os agonistas 5-HT2Ar-69 e 5-HT2Ar-70. Esses compostos se diferenciam de alguns antidepressivos atuais que são antagonistas do 5-HT2Ar, assim como dos agonistas que promovem efeitos psicodélicos.

Testados em modelos murinos, ambos os compostos mostraram alta permeabilidade cerebral e potente atividade antidepressiva nos camundongos. Além disso, não foram detectados sinais de efeitos de caráter psicodélico. Apenas após uma dose dada aos candidatos da medicação o efeito antidepressivo se prolongou por 2 semanas.

Segundo os autores, os produtos desenvolvidos no estudo podem esclarecer resultados anteriores mostrando que apenas uma dose de psilocibina promove efeitos antidepressivos duradouros, neste caso tendo efeitos psicodélicos. Uma dúvida importante é se esse tipo de efeito teria influência importante sobre os benefícios observados.

Agora, com drogas que atuam no mesmo receptor, mas o ativam de maneira independente do efeito psicodélico, essa vertente pode ser melhor explorada. Atualmente, os autores trabalham otimizando os compostos de forma a permitir seu uso em ensaios clínicos.

Quer saber mais?

Fonte: https://www.nature.com/articles/s41586-022-05258-z.epdf?sharing_token=87mJiBXf3qv_3-hC8_2dStRgN0jAjWel9jnR3ZoTv0PIQChIJ304Mkf19sKhtuT8Y2iFUs1FfeoNKMjCnWP0a7nHLrt4rFVRtWq-16ozQPeKcSR85AyVIPAgAU8XybO4RKtQ0dhtVu4QS4qDz5wO1GZx7j8qz9TgkykglJMwZvnvU38cwuanWAvW8KtcK7JLJ0cinfB3RKuZJoo74TUeWXfqz2DCkaXm3UXHAOHKOqQ%3D&tracking_referrer=www.genengnews.com

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