Novo estudo sugere reabilitação de antigo anti-hipertensivo como terapia no TEPT

Por Docmedia

20 março 2023

O transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) é um distúrbio neuropsiquiátrico caracterizado por hipersensibilidade e frequente evocação de sensações negativas relacionadas com um evento pretérito de violência ou risco de vida. Servem como exemplos de eventos desencadeadores as guerras, acidentes, atos de violência e a pandemia de covid-19. O tratamento da condição é feito com psicoterapia e antidepressivos como inibidores seletivos da recaptação de serotonina, mas existem opções limitadas.

A novidade é que pesquisadores da Universidade de Augusta afirmam que a droga clonidina precisa ser novamente considerada para esse tipo de tratamento. A publicação em Molecular Psychiatry lembra que o fármaco é um agonista dos receptores adrenérgicos, em especial do receptor adrenérgico alfa-2A. Anteriormente, os resultados de estudos com agonistas adrenérgicos para TEPT incluíram a clonidina e a guanfacina mostraram resultados conflitantes, o que colocou ambas as drogas no esquecimento para terapia de TEPT.

Ocorre que, em 2021, a análise de uma coorte com 79 veteranos de guerra com TEPT tratados com clonidina apresentou 72% de melhora nos sintomas TEPT e 49% de melhora significativa ou com efeitos colaterais mínimos. O estudo atual utilizou modelos geneticamente modificados de TEPT e neurônios derivados de células-tronco humanas.

A equipe encontrou no hipocampo, centro de aprendizado e memória, uma via relacionada ao receptor adrenérgico alfa-2A e essencial para manutenção das memórias negativas. Nesta via, interagem as proteínas espinofilina e cofilina que participam da modificação estrutural por que passam as espinhas dendríticas dos neurônios para o armazenamento das memórias.

Basicamente, precisa haver baixa no nível de cofilina para que o processo ocorra, sendo exatamente essa, indução da saída de cofilina, a atividade da clonidina sobre o receptor alfa-2A. Guanfacina, por outro lado, não mostrou efeito semelhante. Nos modelos murinos de TEPT, a terapia com clonidina tornou o comportamento dos animais tratados similar ao do grupo controle que não recebeu estímulo estressor. Já a guanfacina não modificou o comportamento após o evento estressor, com os animais agindo de forma similar aos seus pares com TEPT e não tratados.

Segundo os autores, tais resultados são suficientes para recomendar novos ensaios clínicos de tratamento do TEPT com clonidina.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41380-022-01851-w

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