Novo estudo revela pontos a serem considerados na defesa do vírus HIV contra vacinas

Por Docmedia

6 janeiro 2023

Segundo a Organização Mundial de Saúde, ao final do ano de 2021, cerca de 38 milhões de pessoas eram portadoras do vírus da imunodeficiência humana (HIV). A frente de pesquisa que busca desenvolver uma vacina contra o vírus aposta em imunógenos que produzem uma resposta baseada em anticorpos não neutralizantes.

A novidade é que um estudo liderado pela Universidade de Montreal identificou um novo aspecto da biologia viral que influencia diretamente a suscetibilidade do patógeno à essa classe de anticorpos. A publicação na revista Cell Reports comenta que os imunógenos que visam a produção de anticorpos não neutralizantes buscam organizar uma resposta celular citotóxica mediada por esse tipo de anticorpo.

Curiosamente, muitas vacinas produzidas para este fim produziram resultados encorajadores em laboratório, mas falharam em situações do mundo real. Além disso, portadores do vírus também desenvolvem anticorpos não neutralizantes, mas nem assim conseguem erradicar a infecção. Para investigar essa contradição, a equipe de Montreal pareou as amostras de vírus HIV que são afetadas pela citotoxicidade mediada por anticorpos não neutralizantes e aquelas que conseguem fugir desta ofensiva do sistema imune.

A investigação revelou que o principal diferencial associado à suscetibilidade do vírus HIV aos anticorpos não neutralizantes residia na expressão da proteína viral U (Vpu). É sabido que Vpu atua na degradação de CD4 no retículo endoplasmático e na liberação de vírions pela membrana das células infectadas pelo HIV. Curiosamente, enquanto o vírus HIV de ocorrência natural possui expressão de Vpu, foi visto que os vírus utilizados nos experimentos que conseguiram bons resultados com anticorpos não neutralizantes tinham expressão defeituosa de Vpu.

De fato, os experimentos do estudo mostraram que os anticorpos não neutralizantes têm muito mais dificuldade em reconhecer células infectadas por cepas virais que expressam Vpu, o que ajuda a evitar a citotoxicidade mediada por anticorpos. Já em camundongos infectados com cepas deficientes em Vpu, os anticorpos não neutralizantes tiveram sucesso em reduzir a carga viral.

Segundo os autores, seus achados unem Vpu à proteína Nef, outra proteína com função similar de auxílio na evasão imune do HIV identificada pela equipe, como fatores a serem considerados no desenvolvimento de futuras vacinas e estratégias de eliminação do vírus.

Quer saber mais?

Fonte: https://www.cell.com/cell-reports/fulltext/S2211-1247(22)01495-4?_returnURL=https%3A%2F%2Flinkinghub.elsevier.com%2Fretrieve%2Fpii%2FS2211124722014954%3Fshowall%3Dtrue

Total
0
Shares

Deixe uma resposta

Postagens relacionadas
%d blogueiros gostam disto: