A osteoartrite é um distúrbio degenerativo crônico das articulações que tem se tornado cada vez mais prevalente na prática diária. A prevalência da doença aumenta com o caminhar do processo de envelhecimento, causando sintomas álgicos e de redução funcional.
Uma estimativa impressionante dá conta de que, na Suécia, um em cada quatro adultos com mais de 45 anos já procuraram o sistema de saúde por sintomas de osteoartrite. A evolução natural da osteoartrite se dá com períodos de agudização dos sintomas, inclusive de dor, seguidos por períodos de suavização.
A novidade é que pesquisadores da Universidade de Lund têm afirmado que esse perfil evolutivo da osteoartrite, apesar de natural, pode estar contribuindo para um relevante viés nos estudos que avaliam terapias para a dor que acompanha a doença. A publicação na revista The Lancet Rheumatology conta que o foco do estudo foi o fenômeno da regressão à média (RaM). Em outras palavras, regressão à média significa que algo cujo padrão de intensidade flutua, quando está nos extremos, tende a retornar em direção à uma intensidade média.
Transportando para a dor na osteoartrite, significa que os portadores em seus extremos experimentam períodos com pouca ou nenhuma dor alternados com períodos de dor intensa. Nesses casos, tende a ocorrer a RaM, quando aqueles com menos dor tendem a experimentar períodos com mais dor e a dor mais intensa tende a evoluir em períodos posteriores de melhora.
Ocorre que os pesquisadores da Lund perceberam que os estudos típicos de dor na osteoartrite tendem a recrutar participantes que apresentem sintomas álgicos acima de um determinado nível. E, exatamente por conta do fenômeno da RaM, esses participantes tenderiam a experimentar dias melhores com essa melhora sendo erroneamente atribuída às terapias testadas. Deste modo, o estudo atual buscou estimar a magnitude da melhora que surge da RaM em um estudo típico de osteoartrite.
Os dados foram retirados de uma grande coorte populacional de osteoartrite do joelho nos EUA e descobriu que a RaM explicava melhora de 1 ponto em uma escala de dor variando de 0 a 10 (sem dor até dor lancinante). Ocorre que boa parte dos estudos típicos sobre o tema encontraram uma média de redução de dor pelas “terapias eficazes” entre 1 e 2,5 pontos.
Dada a relevância do resultado, os autores afirmam que novos estudos avaliando terapias para dor na osteoartrite precisam incorporar em sua metodologia a avaliação da RaM. E que mesmo medidas atualmente incorporadas aos tratamentos de dor na osteoartrite, como as injeções de plasma rico em plaquetas e o exercício físico, precisam de nova validação com estudos adequados. Para eles, essa adequação seria vista em estudos randomizados, duplo cegos, controlados por placebo e que considerassem a RaM em sua metodologia.
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Fonte: https://www.thelancet.com/journals/lanrhe/article/PIIS2665-9913(23)00090-5/fulltext