Novo estudo associa ainda mais coagulação e inflamação

Por Docmedia

22 dezembro 2022

O fator de Von Willebrand (FVW) é uma grande sialoglicoproteína circulante no plasma na forma de multímeros heterogêneos. Conhecida principalmente por sua atuação no processo de coagulação, alterações na função do FVW resultam em distúrbios hemorrágicos graves, ao passo que a hiperfunção é associada a eventos tromboembólicos como na coagulopatia da covid-19.

A novidade é que um estudo de pesquisadores do Colégio Real de Cirurgiões na Irlanda confirmou uma importante participação da molécula também no processo inflamatório. Publicado em Nature Communications, o estudo lembra que FVW atua nos locais de lesão vascular, onde se liga ao colágeno exposto e o estresse de cisalhamento o desdobra e expõe o sítio de ligação à glicoproteína plaquetária Ib-alfa, resultando no recrutamento de plaquetas para a composição do coágulo.

Além disso, FVW se liga ao fator VIII de coagulação, cuja ação pró-coagulante é mantida quando FVW impede sua degradação. Além da função na coagulação, novos estudos têm sugerido funções adicionais para essa proteína, como uma participação no processo inflamatório. Em diversos modelos de inflamação, a simples exclusão do FVW do processo o reduziu de forma significativa. Entretanto, os mecanismos pelos quais FVW executaria esta função adicional permanecem ignorados.

O estudo irlandês utilizou modelos celulares e animais de inflamação para estudar profundamente a interação do FVW com o sistema imune. Com isso, foi descoberto que o FVW se liga a macrófagos e é rapidamente endocitado. Esse fenômeno, por sua vez, desencadeia a sinalização de MAP quinase à jusante, uma família de tirosina-quinases que reage a estímulos extracelulares e regula funções celulares como expressão gênica, sobrevivência celular, apoptose e diferenciação. Além disso, a interação FVW-macrófago ativa o fator nuclear Kappa B, um fator de transcrição envolvido na resposta ao estresse celular.

Esse conjunto de alterações resulta na produção e secreção de citocinas e quimiocinas pró-inflamatórias. Por fim, o FVW promove a polarização do macrófago M1 e muda o metabolismo do macrófago para a glicólise de uma maneira dependente de p38.

Segundo os autores, seus dados revelam uma nova função para o FVW que pode ser útil no desenvolvimento de terapias para distúrbios inflamatórios e da coagulação como sepse, infarto do miocárdio e até covid-19.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41467-022-33796-7

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