Novas aplicações para a imunoterapia CAR-T no caminho de se tornarem realidade

Por Docmedia

20 janeiro 2023

Coletar células imunes T dos pacientes e nelas incorporar elementos de identificação de células que sejam prejudiciais ao organismo, como no câncer, originou uma vertente da imunoterapia personalizada conhecida como terapia com células CAR-T. A imunoterapia CAR-T se mostrou um grande avanço no tratamento das neoplasias hematológicas, mas, por suas caraterísticas, havia a promessa de que sua aplicação pudesse ser útil em outras patologias.

Agora, pela primeira vez, um estudo de pesquisadores da Friedrich Alexander University Erlangen-Nuremberg (FAU) e Universitätsklinikum Erlangen mostra a imunoterapia CAR-T sendo utilizada em uma patologia não neoplásica. A publicação em Nature Medicine relata um ensaio clínico que recrutou cinco pacientes adultos jovens portadores de lúpus eritematoso sistêmico que não se beneficiaram com as alternativas terapêuticas tradicionais disponíveis para a doença.

Deste modo, esses cinco participantes receberam uma única injeção com baixa dosagem de células CAR-T produzidas a partir de suas próprias células e direcionadas para as células B. Como se sabe, a patogenia do lúpus é sustentada pela ação anormal das células B ao produzirem anticorpos contra tecidos do próprio organismo.

Como resultado, todos os participantes entraram em remissão da doença e foram capazes de interromper as medicações para o lúpus após 3 meses da terapia CAR-T. No nível celular, a terapia resultou na eliminação do pool de células B circulantes. A remissão se estendeu até o final do período de acompanhamento de 1 ano e houve progressivo retorno das células B após reposição pela medula óssea. Nas neoplasias hematológicas, ao contrário, há esgotamento das células B e necessidade dos pacientes receberem anticorpos purificados.

Segundo os autores, a escolha do lúpus se deu em função do pool de células B ser muito menor em massa que o que deve ser atacado na neoplasia hematológica, requerendo dose menor. Além disso, ainda que haja necessidade de acompanhamento desses pacientes em longo prazo e de outros estudos maiores, fica a sugestão de que o lúpus pode ser tornar um alvo CAR-T mais fácil que o câncer de células B.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41591-022-02017-5

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