Nova via de serotonina pode direcionar novas abordagens contra dependência de depressão

Por Docmedia

17 março 2023

O processamento de informações de aversão e recompensa é essencial para a sobrevivência dos organismos vivos, permitindo fugir de perigos e aproveitar situações vantajosas. Por outro lado, defeitos no processamento desses estímulos podem resultar em transtornos mentais como a dependência química e a depressão. Deste modo, é preciso compreender completamente as vias e mecanismos envolvidos para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas realmente eficazes.

Nesse contexto, pesquisadores da Universidade de Hokkaido e da Universidade de Kyoto identificaram uma importante via neural envolvida no processo. A publicação em Nature Communications lembra que estudos anteriores já haviam demonstrado que a estimulação optogenética dos neurônios serotoninérgicos do núcleo dorsal da rafe (NDR) produz sensação prazerosa ligada à recompensa. Ainda assim, os fármacos inibidores da recaptação da serotonina (ISRS) desenvolvidos para mimetizar tal evento muitas vezes falham em tratar os sintomas depressivos. Basicamente, isso sugere que pode haver outras vias relacionadas ao processamento de informações de aversão e recompensa no cérebro.

No estudo atual, os pesquisadores investiram exatamente na busca dessas eventuais vias alternativas por meio do estudo de cérebros de camundongos. Geograficamente, o trabalho se concentrou em região vizinha ao NDR, o núcleo ventral da rafe (NVR), uma outra sede de neurônios serotoninérgicos, porém menos estudada. Basicamente, foram feitos ensaios de estimulação e inibição dos neurônios do NVR com a quantificação dos efeitos sendo captada por meio de proteínas fluorescentes que captam a entrada de cálcio nas células neuronais, sinalizando sua ativação.

Com essa estratégia, foi descoberto que um estímulo desagradável (beliscão no rabo) aumentava a entrada de cálcio nas células, ao passo que o oferecimento de uma guloseima (prazer) reduziu a fluorescência nos neurônios do NVR. Reações semelhantes foram conseguidas por estimulação optogenética.

Tais resultados sugerem que NDR e NVR processam as mesmas sinalizações com direções contrárias. Além disso, o grupo também descobriu que esses neurônios do NVR fazem conexão importante com o núcleo interpeduncular (NIP) do tronco cerebral com neurônios portadores de receptores de serotonina 5-HT.

Por fim, os autores ressaltam que o agora descrito funcionamento oposto dessas duas vias no NDR e NVR podem orientar o desenvolvimento de novas drogas para o tratamento da depressão e da dependência química.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41467-022-35346-7

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