Nanobots térmicos podem complementar o tratamento do canal radicular

Por Docmedia

15 agosto 2022

O tratamento do canal radicular dos dentes é uma necessidade quando uma infecção afetou profundamente a polpa dentária. A terapia consiste na extração de todo o material infectado, lavagem da cavidade com antimicrobianos e tratamento das terminações nervosas.

Entretanto, muitas vezes o tratamento de canal não é suficiente para eliminar todas as bactérias do tecido, em especial as resistentes aos antibióticos como Enterococcus faecalis. Além da resistência intrínseca, essas bactérias costumam se refugiar nos túbulos dentinários, canais microscópicos profundos no tecido dentário. 

A novidade é que pesquisadores do Centro de Nanociência e Engenharia do Instituto Indiano de Ciências e da startup Theranautilus anunciaram o desenvolvimento de uma tecnologia capaz de enfrentar esse problema e melhorar os resultados do tratamento de canal radicular. A publicação em Advanced Healthcare Materials conta que a equipe baseou sua solução em nanotecnologia e magnetismo. Basicamente, foram projetados nanobots em forma de helicoidal compostos por dióxido de silício e revestidos com ferro.

Por meio de sua composição, os nanobots podem ter sua movimentação controladas por um aparelho gerador de campos magnéticos de baixa intensidade. Inicialmente, os nanobots foram injetados em amostras de dentes extraídos e tiram sua locomoção monitorizada por microscopia. O esforço comprovou que o ajuste do campo magnético foi o suficiente para permitir que os dispositivos penetrassem profundamente nos túbulos dentinários e depois fossem recuperados.

Além disso, outra manipulação do campo magnético foi realizada para gerar calor na superfície dos nanobots em uma intensidade suficiente para a eliminação de bactérias. Utilizada posteriormente em camundongos vivos, a tecnologia não gerou danos aos animais.

Segundo os autores, atualmente são utilizados pulsos de ultrassom ou laser para criar ondas de choque no fluido usado para eliminar bactérias e detritos de tecido. Entretanto, essa tecnologia tem penetração de apenas 800 micrômetros contra os 2.000 micrômetros conseguidos com os bots.

No momento, o grupo trabalha em um dispositivo médico que pode ser introduzido na boca e permite que o dentista injete e manipule os nanobots durante o tratamento do canal.

Fonte: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/adhm.202200232

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