Modulação de gene circadiano chave pode aprimorar processo de cicatrização de feridas

Por Docmedia

9 março 2023

Após uma lesão que cause uma ferida cutânea, a pele inicia o processo de recuperação em três fases: inflamatória, proliferativa e de maturação. O ideal seria que esse processo transcorresse com o equilíbrio ideal para proporcionar o máximo de regeneração e o mínimo de formação de cicatrizes. Infelizmente, é comum a evolução com a formação de cicatriz distrófica ou hipertrófica que, além do aspecto estético, pode causar dor e perda da amplitude de movimentos na área afetada.

A novidade é que pesquisadores da Universidade da Califórnia descobriram que a modulação de um gene relacionado ao ciclo circadiano pode ser um instrumento para direcionar positivamente o processo cicatricial. A publicação em Frontiers in Medicine comenta que o foco do trabalho foi o gene do domínio Neuronal PAS 2 (Npas2), que participa do processo de controle dos ritmos circadianos do organismo.

A base para isso é o próprio processo cicatricial. A fase inflamatória envolve a migração de células imunes para evitar a infecção, enquanto a fase proliferativa requer a migração de células epiteliais e fibroblastos que sintetizam o colágeno para estruturar o novo tecido. A cicatriz distrófica ou hipertrófica ocorre quando a deposição de colágeno é caótica e exagerada.

Ocorre que observações de outros estudos descobriram que feridas produzidas em diferentes fases do ciclo circadiano cicatrizam de modo diferente, provavelmente por influência dos genes circadianos sobre as células envolvidas no processo. Deste modo, a ideia do grupo foi investigar os efeitos da modulação de Npas2.

O primeiro passo foi o desenvolvimento de uma linhagem de camundongos com exclusão genética da expressão de Npas2. Curiosamente, esses animais mostraram cicatrização mais rápida, com maior migração celular, maior regeneração tecidual e menos deposição excessiva de colágeno. O passo seguinte foi a equipe selecionar cinco compostos aprovados pela Food and Drug Administration e com alguma ação comprovada sobre Npas2 (Dwn 1, 2, 3, 4 e 5).

A ação de cada composto foi rastreada por meio de fibroblastos murinos até comprovação da supressão de Npas2. Em seguida, foram aplicados em amostras de fibroblastos humanos lesionados por 14 dias, de modo a verificar o desenvolvimento de colágeno como em uma ferida real.

Ao final do processo, apenas Dwn 1 e 2 mostraram efetivamente suprimir Npas2 promovendo migração celular mais eficiente, sem danificar as células e reduzindo o excesso de deposição de colágeno.

No momento, os autores focam em conhecer mais a fundo os mecanismos envolvidos na modulação de Npas2 e planejam experimentos para verificar se os compostos funcionam também em seres humanos.

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Fonte: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fmed.2022.1014763/full

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