Melhor compreensão da resposta imune pode originar novas estratégias para prevenir HIV

Por Docmedia

6 setembro 2022

A evasão imune é uma das principais características do vírus da imunodeficiência humana (HIV), configurando um ponto central no desafio de prevenir ou tratar a infecção. Habitualmente, a invasão de um patógeno ativa em sequência dois sistemas de defesa. Primeiramente, o sistema inato detecta o DNA do patógeno e o classifica como estranho ao organismo, ativando a primeira linha de defesa.

Posteriormente, o sistema adaptativo é acionado para funções mais refinadas como a produção de anticorpos específicos. Nesse contexto, a novidade é que pesquisadores do Instituto de Pesquisa Scripps conseguiram descrever como o HIV aciona o sistema inato, o que pode oferecer novas oportunidades terapêuticas.

O artigo em Molecular Cell lembra que a ativação do sistema inato pelo HIV era pobremente conhecida por tratar-se de um vírus de RNA que produz quantidades muito pequenas de DNA. Os experimentos em culturas celulares consideraram o fato de o DNA citoplasmático do HIV-1 ser de padrão molecular associado ao patógeno (PAMP) transitório e de baixa abundância com mecanismo pouco compreendido.

Cyclic GMP-AMP sintase (cGAS) é uma proteína de sinalização no sistema imunológico inato que detecta o DNA flutuando em uma célula, que seria o momento inicial da infecção pelo HIV. Ao detectar DNA estranho, uma via imune de combate é ativada. A investigação focou a função de cGAS em relação ao HIV-1 na situação habitual de escassez de DNA viral flutuante.

Foi visto que, primeiramente, uma proteína essencial, a proteína de ligação à poliglutamina 1 (PQBP1), reconhecendo a camada externa do HIV-1 assim que entra na célula e antes que possa se replicar. O PQBP1 então reveste o capsídeo viral e sinaliza para a ativação de cGAS. Quando o capsídeo começa a se desintegrar, cGAS ativa vias adicionais relacionadas ao sistema imunológico contra o vírus.

Segundo os autores, surpreendeu a descoberta de um sistema de detecção em duas etapas, diferente daquele dos vírus de DNA. A descoberta pode gerar oportunidades para estratégias medicamentosas ou vacinais que explorem a imunidade inata e a via PQBP1-cGAS visando impedir a replicação viral dentro da célula.

Ainda segundo os autores, mecanismo similar PQBP1-tau sugere que caminho parecido pode ser trilhado contra a doença de Alzheimer.

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Fonte: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S109727652200555X?via%3Dihub

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