Mecanismos ligados ao estresse celular podem aumentar a longevidade

Por Docmedia

30 dezembro 2022

O envelhecimento é um processo inexorável na existência de todos os organismos a partir de um certo grau de complexidade. Além disso, é um fator de risco crítico para uma série de patologias humanas relacionadas como diabetes, doença cardiovascular, doenças neurodegenerativas e câncer.

Parte importante da pesquisa no tema entende que o conhecimento dos mecanismos que sustentam o envelhecimento pode abrir importantes oportunidades de tratamento para doenças comuns que sobrecarregam os sistemas de saúde.

Agora, um novo avanço no tema vem do trabalho da Universidade de Nanyang (Cingapura) por meio de um trabalho explorando os efeitos do estresse celular sobre a longevidade. A publicação na Nature Communications conta que o estudo utilizou como modelo o verme nematódeo Caenorhabditis elegans, um modelo consagrado para estudo de envelhecimento em função do curto ciclo de vida e do compartilhamento com os humanos de semelhanças em diversos processos biológicos.

No estudo, a equipe queria entender como o estresse celular atua sobre a longevidade. Para isso, utilizou três grupos de C. elegans, com o primeiro composto por vermes idosos em dieta padrão (controles), o segundo com vermes idosos e dieta rica em açúcar (estresse metabólico) e o terceiro composto por germes mais jovens submetidos à mesma dieta rica em açúcar.

No experimento, os vermes idosos com dieta estressante sobreviveram 24 dias, os vermes jovens com dieta rica em açúcar sobreviveram 13 dias e os controles viveram por 20 dias. Em outras palavras, o estresse metabólico aumentou a longevidade dos idosos ao mesmo tempo em que reduziu a dos organismos mais jovens.

Segundo os autores, o fator envolvido nessas diferenças é a resposta de proteína desdobrada (UPR), um processo que limita o dano celular por estresse. As doenças crônicas cursam com comprometimento do UPR, resultando em acúmulo de proteínas desdobradas no retículo endoplasmático e dano celular.

No estudo, a equipe também monitorou três moléculas que funcionam como sensores de estresse e descobriram que IRE1 estava muito ativo nos germes novos, mas não nos idosos submetidos ao estresse. Quando o IRE1 foi desligado em um grupo de vermes jovens em dieta rica em açúcar, a sobrevida saltou para 25 dias. Também foi visto que os genes UPR ATF-6 e PEK-1 contribuíram para a maior longevidade em resposta ao estresse nos vermes idosos.

Segundo os autores, seus dados revelam vias importantes associadas ao envelhecimento que podem servir de substrato para novas estratégias de tratamento.

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Fonte: https://www.nature.com/articles/s41467-022-33630-0

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