Maior exposição a ftalatos associada a aumento do risco de parto prematuro

Por Guilherme Rocha

8 setembro 2022

Os ftalatos são um grupo de compostos químicos derivados do ácido ftálico utilizado como aditivos para deixar o plástico mais maleável. Por serem utilizados em uma indústria como a do plástico, os ftalatos estão vastamente distribuídos em produtos de uso cotidiano, podendo ser citados produtos de cuidados pessoais, cosméticos, solventes, detergentes e embalagens de alimentos.

Exatamente por sua ampla utilização, é de interesse saber eventuais efeitos adversos da exposição aos ftalatos para os seres humanos. E nesse contexto, a novidade é que pesquisadores do National Institutes of Health (NIH) descobriram que os ftalatos podem ser um dos responsáveis pela crescente incidência de partos prematuros.

A publicação em JAMA Pediatrics lembra que a prematuridade traz várias consequências deletérias para o recém-nascido e estratégias para preveni-la são desejáveis. Para sua avaliação, a equipe NIH investigou dados de 6.045 gestantes das coortes de 16 estudos realizados no EUA.

O acervo inédito em tamanho sobre o tema incluiu gestantes que deram à luz entre 1983 e 2018 com informações sobre presença de metabólitos de ftalatos em amostras de urina, uma medida da exposição ambiental a esses agentes, associado a dados posteriores sobre o momento em que o parto efetivamente ocorreu.

Na coorte estudada, a incidência de parto prematuro foi de 9%, ou 539 partos antes das 37 semanas. Metabólitos urinários de ftalatos foram encontrados em 96% das amostras de urina testadas. Quando relacionados os dados sobre exposição a ftalatos e prematuridade, concentrações maiores dessas substâncias foram associadas a ligeiro aumento do risco de parto prematuro. Por outro lado, a exposição a quatro ftalatos específicos foi associada a aumento do risco de parto prematuro da ordem de 12 a 16%.

Foram eles o mono-n-butil-ftalato (OR=1,12; IC=95%), monoisobutil-ftalato (OR=1,16; IC=95%), mono(2-etil-5-carboxipentil) ftalato (OR=1,16; IC=95%) e mono(3-carboxipropil) ftalato (OR=1,14; IC=95%). Por fim, os pesquisadores utilizaram modelos estatísticos para prever o efeito de medidas profiláticas de redução da exposição aos ftalatos sobre a incidência de 90/100.000 encontrada na coorte estudada.

Deste modo, foi encontrado que reduções da exposição aos ftalatos de 10%, 30% e 50% tendiam a promover redução aproximada de 2%, 6% e 11% nos partos prematuros, respectivamente. Esses dados deixam caminho para ações governamentais de regulação e atitudes individuais de abstenção de produtos contendo ftalatos.

Curadoria: Dr. Guilherme Rocha, médico especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO.

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Fonte: https://jamanetwork.com/journals/jamapediatrics/article-abstract/2794076

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