Lipídio comum da dieta afeta hipersensibilidade à dor e ao calor na psoríase

Por Docmedia

15 março 2023

A psoríase é um distúrbio hiperproliferativo crônico não contagioso da pele. Trata-se de uma doença autoimune com predisponentes genéticos e ambientais, embora os mecanismos subjacentes não sejam completamente conhecidos. A doença se manifesta como lesões avermelhadas com descamação na pele e pode acometer articulações. As principais características dessas lesões e que repercutem em queda na qualidade de vida dos portadores são o prurido e a hipersensibilidade à dor e ao calor.

A novidade é que pesquisadores da Universidade Estadual da Carolina do Norte descobriram que uma gordura comum na dieta ocidental tem influência sobre alguns desses fatores. A publicação no periódico JID Innovations conta que o ácido linoleico (AL) é encontrado em sementes oleaginosas muitas vezes transformadas em óleos como soja, milho e girassol, além de castanhas. Alguns metabólitos do AL resultantes de sua digestão participam da composição da função de barreira da pele.

O estudo atual teve o ponto de partida quando os pesquisadores encontraram grandes concentrações de metabólitos do AL em lesões cutâneas de portadores de psoríase, cuja espectrometria de massa revelou serem especialmente 13-hidroxi-9,10-epoxi octadecenoato (9,13-EHL) e 9,10,13-trihidroxi-octadecenoato (9,10,13-THL). Entre os dois, o segundo é a forma mais estável deste derivado de AL.

Tal achado fez surgir a dúvida se essas moléculas poderiam influenciar a comunicação dos neurônios sensoriais das lesões psoriásicas. Também foi visto que, embora os dois metabólitos se liguem aos receptores de neurônios sensoriais nas lesões, a ligação de 9,10,13-THL é mais duradoura. Além disso, foi visto que a ligação desses metabólitos promove a ativação de neurônios que expressam receptores TRPA1 e TRPV1 sabidamente relacionados à hipersensibilidade à dor e temperatura na pele.

Curiosamente, entretanto, a ligação dos metabólitos de AL não surtiu qualquer influência na via relacionada ao prurido, possivelmente em função da forma como esses metabólitos promovem a ativação neuronal.

Segundo os autores, ainda há muito trabalho a ser feito elucidando os mecanismos pelos quais essa resposta à dor e ao calor está sendo gerada, além de toda a via relacionada ao prurido. No entanto, ao final, é esperado que essas respostas levem a novas abordagens medicamentosas e até dietéticas visando aliviar os sintomas dos portadores de psoríase.

Quer saber mais?

Fonte: https://www.jidinnovations.org/article/S2667-0267(22)00085-6/fulltext

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