Intervalo de tempo para nova gravidez após aborto pode não ser o recomendado pela OMS

Por Guilherme Rocha

19 janeiro 2023

A Organização Mundial de Saúde recomenda que as mulheres esperem ao menos 6 meses para engravidar novamente após a ocorrência de um aborto espontâneo ou induzido com o argumento de que isso levaria a menor risco de resultados perinatais adversos. Entretanto, as evidências científicas para tal recomendação são escassas e agora estão sendo questionadas por um estudo de pesquisadores da Curtin School of Population Health, na Austrália.

O novo estudo, que teve como inspiração exatamente a baixa densidade do corpo de evidências suportando a recomendação, foi publicado recentemente na revista PLOS Medicine. As conclusões do novo estudo foram extraídas de uma coorte de 49.058 nascimentos após aborto espontâneo na Austrália e mais 23.707 nascimentos após aborto ocorridos na Noruega no período compreendido entre 2008 e 2016.

Nessas coortes foram avaliados seis diferentes resultados adversos perinatais, incluindo parto prematuro, parto prematuro espontâneo, recém-nascido pequeno para a idade gestacional (PIG), recém-nascido grande para a idade gestacional (GIG), pré-eclâmpsia e diabetes gestacional.

Na avaliação dos resultados, foi encontrado que, em comparação com a espera de 6 a 11 meses após o aborto espontâneo, houve menores riscos de bebês pequenos para a idade gestacional em relação a crianças concebidas em menos de seis meses após o aborto e menor risco de diabetes gestacional em mulheres que conceberam em menos de três meses após o aborto.

Após um aborto, também foi encontrado um aumento leve, mas não significativo, de risco de recém-nascido pequeno para a idade gestacional para concepção em menos de três meses em comparação com 6-11 meses, mas o risco de grande para a idade gestacional foi menor no grupo com um intervalo após o aborto de 3- 5 meses. Também não foi encontrado risco diferencial significativo de efeitos adversos para as gestações iniciadas após mais de 12 meses de um abortamento, ou quando este foi espontâneo ou induzido.

Os autores admitem que o estudo tem poder limitado pela falta de informações sobre possíveis fatores de confusão, mas argumentam que seus achados são suficientemente fortes para recomendar a revisão da recomendação da OMS sobre intervalo de intergestacional após aborto com base em evidências mais consistentes e atualizadas.

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Fonte: https://journals.plos.org/plosmedicine/article?id=10.1371/journal.pmed.1004129

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